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Espanhóis e Eletrobrás vencem leilão de linhas

OESP, Economia, p. B11
28 de Jun de 2008

Espanhóis e Eletrobrás vencem leilão de linhas
Maior projeto de transmissão de eletricidade, que ligará Manaus e Macapá ao resto do País, foi dividido entre a Isolux e um consórcio da Eletronorte

Nicola Pamplona e Alessandra Saraiva

Empresas espanholas e subsidiárias do Grupo Eletrobrás foram as grandes vencedoras do leilão de linhas de transmissão de eletricidade realizado ontem pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). O maior projeto, que ligará Manaus e Macapá ao resto do País, foi dividido entre a espanhola Isolux e um consórcio liderado pela Eletronorte. Elecnor, também da Espanha, e a Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista (Cteep), hoje controlada pela colombiana Isa, também tiveram atuação destacada.

A Aneel licitou 12 lotes de linhas de transmissão e subestações, em leilão que teve o menor deságio entre todos os realizados no governo Lula, de apenas 20,18% - o menor desde 2003 foi 39,24%. O diretor-geral da Aneel, Jerson Kelman, minimizou o fato. "O preço inicial foi calculado em valor mais baixo do que o dos últimos anos e, por isso, já esperávamos deságio menor", disse.

Pelas regras do leilão, venceria a empresa ou consórcio que aceitasse receber a menor tarifa pelo uso das linhas ou subestações. O maior deságio, de 51,27%, foi oferecido pela Cteep para o lote H, com três subestações em Mirassol, Getulina e Araras, no Estado de São Paulo. A companhia levou cinco lotes, nos quais prevê investir R$ 320 milhões.

O presidente da Cteep, José Sidney Colombo Martine, afirmou que um dos focos é expandir a atuação para fora de São Paulo, onde estão dois dos lotes arrematados. "Sair do Estado de São Paulo é uma característica dessa nossa nova fase, de iniciativa privada", afirmou ele, acrescentando que a companhia, privatizada em junho de 2006, não descarta a hipótese de partir para atuação internacional.

O leilão foi marcado por uma confusão na entrega de propostas pelo lote C, que liga Oriximiná (PA) a Cariri (AM), um dos trechos da linha que conecta Manaus ao Sistema Interligado Nacional (SIN). O Consórcio Amazonas, que tem entre seus sócios a Eletronorte, a Chesf e a espanhola Abengoa, perdeu o prazo de entrega da proposta na chamada inicial, que não teve ofertas.

Após recurso movido pelo consórcio, a Aneel decidiu reabrir a oferta no fim do leilão. Na segunda chance, o grupo venceu disputa com a Isolux, propondo uma receita anual de R$ 101,6 milhões (deságio de 7%), cerca de 6 milhões a menos que a concorrente. A Isolux ficou com os outros dois trechos do novo sistema de transmissão da Região Norte.

A Chesf levou ainda um trecho na Bahia, entre Eunápolis e Teixeira de Freitas. Já a Elecnor ficou com uma linha entre Goiás e Minas Gerais e uma subestação em Venda das Pedras, no Rio. O consórcio da Empresa Amazonense de Transmissão de Energia e da Cemig ganhou duas linhas em Goiás.

Desde o início dos leilões de transmissão, em 2000, a Aneel já concedeu 24,5 mil quilômetros em novas linhas.

Cabos poderão passar por baixo do Rio Amazonas

A linha de transmissão que vai ligar Manaus ao resto do País, com 1,8 mil quilômetros, poderá atravessar o Rio Amazonas por baixo d'água. Essa é uma das opões em estudo pelo Consórcio Amazonas, vencedor do trecho entre Oriximiná (PA) e Cariri (AM) no leilão de ontem. "Trabalhamos em alternativas para facilitar o licenciamento ambiental", disse Jorge Palmeira, presidente da Eletronorte. A Aneel projetou a travessia do rio por torres de 289 metros de altura, o equivalente a um prédio de 72 andares.

A conexão de Manaus e Macapá ao Sistema Interligado Nacional (SIN) deve ficar pronta entre 2011 e 2012. Trata-se do último grande sistema isolado do País, uma vez que Rondônia e Acre devem ser conectados já no ano que vem.

OESP, 28/06/2008, Economia, p. B11

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