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Escritor condena liberação de produtos

GM, Rede Gazeta do Brasil, p. B14
22 de Out de 2004

Escritor condena liberação de produtos

Frijot Capra defende, em seminário no Paraná, que países como o Brasil possam desenvolver a agricultura orgânica.
O escritor e pensador naturalista Frijot Capra, condenou a liberação de produtos agrícolas transgênicos pela consequências danosas que possam trazer ao homem e ao ambiente natural, em seminário com mais de 3,5 mil pessoas em Curitiba. E fez um alerta: "As políticas sociais do governo Lula dificilmente serão atingidas se for permitido o uso de produtos transgênicos", disse o pensador em seminário promovido pela Itaipu, Companhia Paranaense de Energia e Federação das Indústrias do Paraná (Fiep).
Fritjof Capara desaconselha, também, o uso de energia nuclear pelos elevados custos que o País terá para lidar com os resíduos nucleares. A melhor solução para o Brasil seria a utilização da energia solar, aeólica e hidroelétrica, dentro do projeto de sustentabilidade que vem sendo executado pela Itaipu-binacional.
A introdução de produtos modificados geneticamente vem sendo feita, segundo Capra, sem avaliações e testes sobre seus efeitos para a pessoa humana e a natureza. Sem estes testes não dá para provar os riscos que a população e a natureza estaria correndo, uma vez que o desenvolvimento deste tipo de tecnologia é muito recente.
Capra, autor de livros como "Conexções Ocultas", "Ponto de Mutação" e "Teia da Vida", que é uma celebridade internacional ao tratar das relações do homem com a natureza e o desenvolvimento social, ético e econômico sustentável, defendeu a adoção de uma agricultura orgânica como alternativa para países como o Brasil.
A prática deste tipo de agricultura seria ideal para o governo do Presidente Luiz Ignácio da Silva que deseja atacar os problemas de desigualdade social. É que este tipo de atividade agrícola é viável em pequenas propriedades, onde como manejo de culturas sereia possível manter controle natural das pragas com elevados índices de produtividade.
Carbono
"Quando o solo é cultivado organicamente há um aumento natural de bactérias", disse Capra. Para ele, esta agricultura orgânica trará um benefício ainda maior a humanidade uma vez que poderá ajudar reduzir a quantidade de carbono produzido pelas cidades. Isso é possível uma vez que a proliferação destas bactérias em solo enriquecido por produtos orgânicos que possuem uma elevada capacidade de absorver carbono existente na natureza.
"Sei que é muito forte a discussão dos transgênicos no Brasil, mas há provas de que a agricultura orgânica possui elevada produtividade, cria empregos e é socialmente sustentável", disse Capra. Ele fez elogios ao Presidente Lula pelo iniciativa de convidar representantes do setor empresarial e da sociedade civil organizada para discutir e construir com o governo projetos de desenvolvimento sustentável.
O pensador enfatizou a importância de serem criados modelos de desenvolvimento que possam envolver aspectos como equilíbrio ambiental, inclusão social, respeito à ética e cidadania. Capra cunhou o termo "eco-design" com expressão do que vemos já pronto na natureza dentro da sua forma e conteúdo, onde há um equilíbrio permanente de conteúdos e energia. Ele explicou que é necessário construir projetos e modelagens de fluxo de energia e matéria para fins humanos, dentro dos princípios do "eco-design".
A produção de energia nuclear não é competitiva não só pelos riscos, mas pelos custos de armazenagem dos resíduos nucleares. Todos os países do mundo vem evitando o uso deste tipo de energia. O Brasil, segundo Capra, deveria aproveitar as vantagens que a natureza lhe oferece para aproveitar energia solar, aeólica e hidroelétrica. A produção de energia aeólica aumentou em 24% da década de 1990 para cá e o uso da energia solar em torno de 17%. A maior vantagem destas energias é que não provocam impacto sobre a natureza e podem ser comercializadas a preços constantes aos consumidores. A produção de energia, a partir da cana-de-açucar, como o Brasil vem fazendo é uma alternativa importante, embora pode trazer esgotamento de solo pelo sistema de produção.
O uso dos recursos hídricos, como vem sendo feito no Paraná, é uma alternativa quando feita com visão de sustentabilidade, como vem fazendo a Itaipu. Segundo Capra, a decisão da Itaipu de preservar todos os afluentes da bacia que formam o lago, dentro de uma visão de preservação do ambiente e da atividade produtivas das populações, é experiência que deve ser multiplicado em projetos de grandes e pequenas usinas de outras regiões do País.
kicker: Pensador cobra modelo que possibilite equilíbrio ambiental

GM, 22-24/10/2004, Rede Gazeta do Brasil, p. B14

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