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Escolas Indígenas são fundamentais para inclusão na política: "votar é exercer a cidadania"

Sagres - https://sagresonline.com.br/
31 de Ago de 2022

Escolas Indígenas são fundamentais para inclusão na política: "votar é exercer a cidadania"

By Denys de Freitas -
31 de agosto de 2022 | 18h10

No próximo dia 2 de outubro, o Brasil celebra a democracia, com as eleições 2022 e as escolhas dos representantes nas casas legislativas e no executivo. Os povos originários do país também se preparam para "exercer a cidadania", mesmo que alguns morem em regiões afastadas dos locais de votação. Em entrevista à Sagres, o professor e cacique Ubiratã Gomes ressaltou que as escolas indígenas são fundamentais para promover a inclusão dos povos na política.

Assista à entrevista completa:
"É claro que política partidária não tem que ser levada para dentro da sala de aula, mas falar de democracia e como isso afeta na questão da saúde, educação, melhorias de vida para a população em geral, isso a gente trabalha com nossos curumins e cunhatãs dentro da nossa comunidade, desde cedo", disse o cacique.

Apesar de conscientes sobre a importância do voto. algumas aldeias indígenas ficam distantes dos locais de votação e, até, com barreiras fluviais. Diante disso, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) levou uma urna para a Terra Indígena do Vale do Javari, no Amazonas, na aldeia Maronal, a 1.000 km de Manaus (AM). A instalação da seção eleitoral na região remota virou documentário. Confira detalhes no Cinametaca dessa semana:

"Nós temos, em todo o território nacional, segundo o último censo, 305 etnias em todo o Brasil. Justamente essa região onde foi feito esse documentário, é uma das mais remotas. Tirando essa, para a região mais central do Brasil, nós temos o Parque do Xingu, que sofre com essa questão de acessibilidade no dia da eleição também. Mas nas demais regiões do país, nós temos condições melhores para chegar", detalhou Ubiratã.

Indígenas na política
Pesquisa conduzida pelo Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc) e divulgada pela Rede Bandeirantes, aponta que as eleições de 2022 terão 172 candidatos autodeclarados indígenas, com 42 candidaturas a mais do que nas eleições de 2018. O cacique Ubiratã afirmou que todos que querem somar com a luta indígena são importantes, mas que sabe que não adianta só a boa vontade do candidato indígena.

"Para além de nós termos indígenas que se aventurem no mundo político, que sabemos que tem muitos jogos, nós temos e queremos pessoas comprometidas com nossa causa, porque não é só para o nosso povo. A gente está aqui em nosso território defendendo a natureza [...] Então, para além dos candidatos indígenas, eu diria que é de suma importância, hoje, escolhermos pessoas que são da nossa causa e que têm mais chances de chegar lá do que nós", declarou.

Preconceito contra os povos originários
Formado em Pedagogia pela Universidade de São Paulo (USP) e mestrando em educação pela Universidade Católica de Santos (UniSantos), Ubiratã Gomes falou sobre os preconceitos que existem hoje contra os povos originários. Para o professor, cujo o projeto de pesquisa propõe um currículo específico para a educação indígena, é importante que eles falem sobre a própria cultura.

"Como dizia meu velho pai, 'ninguém respeita aquilo que não conhece'. De fato, nós temos ainda muitos preconceitos, mentiras que estão como verdades absolutas em diversos meios de informação, livros e referenciais que não nos representam", relatou Ubiratã, que salientou ainda que, hoje, há intelectuais e escritores indígenas espalhados pelo Brasil.

"Então, eu acredito que para você buscar uma informação mais próxima da nossa realidade, existem sites confiáveis. O site da Fundação Nacional do Índio (Funai), ou do Instituto Socioambiental, o site da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai). Estes trazem informações da base, de onde nós estamos, informações do censo, de como nós estamos hoje", afirmou.

O professor pediu que as pessoas busquem referências para apagar o "estereótipo de índios genéricos". "Esse 'índio', que há muito tempo nos chamam, é de forma preconceituosa também, é uma palavra genérica que engloba todos esses 305 povos que tem no território nacional. Indígena é como nós gostamos de ser chamados hoje, porque significa, povo local, povo originário", concluiu.

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