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Epidemia de HIV em índios venezuelanos em Manaus é descartada

Em Tempo http://d.emtempo.com.br
Autor: Nicolas Daniel Marreco
21 de Jan de 2018

Em meados do ano passado, quando aproximadamente 300 índios da etnia venezuelana Warao acamparam embaixo do viaduto de Flores, na Zona Norte de Manaus, não havia nenhuma suspeita de que eles pudessem estar com o vírus HIV. Após a reportagem da BBC alertar para a estimativa de que o grupo étnico pudesse desaparecer em decorrência do alto índice de soropositivos na Venezuela, acendeu o alerta para a saúde dos indígenas em Manaus.

Recentemente, a reportagem veiculada nacionalmente, indicou que, praticamente, todos os homens das comunidades desta etnia estivessem morrendo devido à doença.

Dados apontam que, em alguns pontos do nordeste da Venezuela, região natal da tribo, a maioria dos adolescentes e jovens do sexo masculino são portadores do vírus. Além disso, também é registrado uma nova forma do vírus na tribo, que mata mais rápido do que os outros tipos que circulam pelo mundo.

Apesar do acolhimento da Prefeitura de Manaus, na construção de um abrigo temporário, além de assistência médica, jurídica e social aos indígenas em busca de refúgio da desastrosa crise econômica que assola o país vizinho, o sentimento que ficou, entre alguns manauenses, foi o de dúvida e desconfiança.

Uma das pessoas que acompanhou de perto o processo de chegada e cuidado dos índios foi a assessora técnica, da Fundação Estadual do Índio (FEI), Milena Marulanda. Segundo ela, não existe motivo de risco para a doença nos venezuelanos que estão na cidade.

"Eles têm doenças como qualquer outro branco e não são capazes de trazer uma epidemia de HIV para Manaus. Embora as únicas doenças detectadas sejam a tuberculose e a sífilis, elas estão totalmente controladas pela assistência do município por meio de vacinas e testes preventivos", garante.

De acordo com ela, esta imigração dos Warao foi inédita na história da etnia, decorrendo apenas da tentativa de sobrevivência dos integrantes pela crise, e não da doença.

"Como a venda de itens artesanais, agrícolas e pecuários que eles comercializavam nas cidades ficou escassa, acabaram chegando aqui procurando recursos para viver", explica a assessora.

Homossexualidade

Uma das características dos Warao é a prática comum de homens se relacionarem sexualmente com outros homens, o que supostamente explicaria a rápida contaminação do vírus entre eles. Números revelam que há uma prevalência de 10% de infectados com HIV no meio da etnia, enquanto que em toda a Venezuela, 0,6% é o número de registro.

Quando questionada sobre a possível contaminação dos índios vindos para cá, Marulanda rebate e mostra outra versão do fato.

"Apenas uma pessoa dentre os que vieram estava com HIV. E, mesmo assim, ela não está mais aqui. Da leva de índios que vieram, quase todos já foram e outros já chegaram. Apesar desse movimento de vai e vem ser constante para eles, não há motivo de preocupação para nós", termina.

Cuidados médicos

O abrigo provisório no Coroado, Zona Leste de Manaus, construído para os 300 índios waraos que chegaram está atualmente desativado para a população. Atualmente, cerca de 139 pessoas da etnia estão espalhados na cidade em casas cedidas pela prefeitura nos bairros do Vale do Sinai, Zona Norte, no Educandos, Zona Sul de Manaus, Redenção, Zona Centro-Oeste e no bairro do Centro, na Zona Sul.

Mariolando conclui que cada leva de índios que chegam em Manaus, passa por uma triagem administrativa, para poderem morar na capital. "Quando chegam na fronteira com a carta internacional de refúgio, a Polícia Federal providencia os documentos necessários para moradia. Após a entrada em Manaus, a Semsa (Secretaria Municipal de Saúde) realiza um acompanhamento rigoroso de atendimentos e tratamentos médicos para que eles possam ficar".

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