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Entidades planejam impulsionar bônus 'verde'

Valor Econômico, Finanças, p. C10
Autor: CHIARETTI, Daniela
03 de Ago de 2017

Entidades planejam impulsionar bônus 'verde'

Daniela Chiaretti

O saldo global de títulos verdes, também conhecidos como "green bonds" ou "climate bonds", soma US$ 200 bilhões. As emissões brasileiras destes instrumentos financeiros de dívida voltados a apoiar o desenvolvimento sustentável são apenas 1,5% do mercado mundial, ou pouco mais de US$ 2 bilhões.
Para reverter este quadro e impulsionar as finanças verdes no Brasil, está sendo lançado hoje, no Rio de Janeiro, o Laboratório de Inovação Financeira, Lab.
A iniciativa do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e da Associação Brasileira de Desenvolvimento (ABDE) pretende ser um fórum que estimule a criação de ferramentas financeiras para impulsionar a economia de baixo carbono no Brasil.
O Lab terá três grupos de trabalho com objetivos específicos. O primeiro estará voltado a aprofundar os conhecimentos sobre os títulos verdes. Outro, batizado de "finanças verdes", buscará testar inovações financeiras que apoiem energias renováveis e saneamento em pequenos municípios, por exemplo. O terceiro, para investimentos de impacto, quer ampliar os negócios em direção aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da ONU.
"A emissão de títulos verdes no Brasil está muito abaixo de seu potencial", diz José Alexandre Vasco, superintendente de proteção e orientação aos investidores da CVM. A ideia é fazer diagnósticos e propostas de desenvolvimento deste mercado. "O setor ainda está em seus primeiros passos no Brasil, mas internacionalmente é muito importante", continua Vasco.
"Green bonds" são títulos verdes emitidos no mercado de capitais com recursos que produzam "externalidades ambientais positivas", explica. Um dos pontos importantes para desenvolver o mercado tímido no Brasil é ter agentes qualificados que garantam a certificação. Ou seja, que o investimento tenha sido dirigido para algo efetivamente ecológico.
Algumas propostas sugerem, por exemplo, que um título com estas características possa ter custos de estruturação menores e requisitos mais simples.
As altas taxas de juros brasileiras explicam, em parte, porque os "green bonds" ainda não seduziram investidores no país. "O investidor tem mais apetite em deixar o dinheiro aplicado em papéis que garantam 6% a 7% acima da inflação do que migrar para títulos de responsabilidade ambiental", diz Milton Luis Melo Santos, presidente da ABDE, entidade que reúne os bancos públicos federais, 16 agências de fomento estaduais e bancos cooperativos além da Finep e do Sebrae. "Mas a tendência de queda nas taxas de juros abre oportunidades atraentes para títulos associados a questões socioambientais", continua.
O BID, por seu turno, quer desenvolver mercados de capitais locais atentos a este tipo de títulos. "Nosso trabalho tem sido também de criar uma cultura pra que os bancos possam entender melhor o que fazem na área 'verde'", diz Maria Netto, especialista líder em mercado financeiro do BID. Ela lembra que na América Latina são os bancos de desenvolvimento que mais inovam na emissão destes títulos. "A ideia é criar um ambiente de negócios para que o investidor tenha mais interesse neste tipo de atividade", continua. "Sustentabilidade é tema transversal que dá oportunidade a muitas outras áreas", continua ela.

Valor Econômico, 03/08/2017, Finanças, p. C10

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