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Entidades denunciam Polícia Federal por confronto em aldeia no PA e MT

http://g1.globo.com/
Autor: Dhiego Maia
14 de Nov de 2012

Documento assinado por 116 entidades diz que houve abuso durante ação.
Confronto em aldeia matou um índio e deixou vários agentes e índios feridos.

Uma representação assinada por 116 organizações e entidades da sociedade civil pediu nesta quarta-feira (14) ao Ministério Público Federal (MPF) uma investigação sobre a atuação dos agentes da Polícia Federal durante uma ação da Operação Eldorado na aldeia Teles Pires que terminou com um índio morto no último dia 7. Outros seis índios da etnia Munduruku e mais quatro policiais federais acabaram feridos.

O documento assinado pelas entidades diz que os agentes abusaram de autoridade para cumprir uma determinação judicial. "O resultado da operação revela violações que devem ser apuradas com celeridade e máxima diligência. O uso da força policial foi desproporcional a qualquer possível reação ocorrida. Os indígenas portavam arco e flecha enquanto os policiais, armas de fogo", conforme trecho do documento.

A representação ainda dá conta de como foi a ação da PF na aldeia que está localizada na divisa entre os estados de Mato Grosso e Pará. "A Polícia Federal chegou à aldeia fazendo voos rasantes de helicóptero e disparando projéteis de borracha, o que assustou os indígenas, entre eles idosos, crianças e mulheres", relatou o documento.

A afirmação contraria as investigações da Polícia Federal que durante 10 meses apontaram o envolvimento de lideranças da etnia Munduruku na extração ilegal de ouro na região. Escutas autorizadas pela Justiça mostram que o líder Camaleão Munduruku negociou uma autorização para garimpeiros explorarem a área. Segundo a PF, três empresas são suspeitas de repassar dinheiro ao cacique para extrair o ouro. Ainda de acordo com a PF, os índios recebiam R$ 420 mil por mês obtidos pela garimpagem ilegal de ouro na região.

O documento ainda retrata como os índios encontraram o corpo do indígena morto durante o confronto. "A polícia disparou contra os indígenas, resultando em diversos feridos e na execução de uma liderança indígena. Ele foi encontrado pelo seu povo com três tiros, um na cabeça e um em cada uma das pernas. Indígenas afirmam que quando o corpo caiu na água a Polícia federal atirou bombas contra ele na tentativa de destruí-lo".

Ao G1, o superintendente da Polícia Federal em Mato Grosso, César Augusto Martinez afirmou que um delegado que comandou a operação disparou contra um índio após ser perseguido no rio Teles Pires. "Ele estava com a água já pelo peito e depois de ser atingido por uma borduna e alvejado por flecha ele disse que foi perseguido por dois índios. Ele efetuou um disparo que pode ou não ser de arma de fogo. Ele não soube precisar. Estamos investigando se o índio que morreu foi alvejado por ele", relatou o superintendente que também disse que o corpo do indígena terá que ser exumado.

A representação ainda revelou que após o conflito, a aldeia Teles Pires passa por dificuldades para manter a alimentação de todos os integrantes, uma vez que os equipamentos de caça e pesca foram, segundo o documento, destruídos e confiscados pela PF.

Assinaram o documento representantes de sindicatos, associações indígenas, de classe, entidades estudantis, partidos políticos e movimentos sociais da Amazônia e de todo o país. A representação foi encaminhada à Procuradoria da República em Santarém (PA), que tem autonomia para atuar junto ao povo Munduruku.

Investigação

A operação Eldorado foi desencadeada para coibir a extração ilegal de ouro em Mato Grosso e outros seis estados. A Justiça Federal expediu 28 mandados de prisão e outros 64 de busca e apreensão.

Durante as investigações, os agentes federais investigaram a participação de lideranças indígenas no esquema criminoso. De acordo com Martinez, a operação vai entrar na segunda fase quando os crimes de lavagem de dinheiro serão apurados. Nessa fase, os índios serão investigados. Treze índios da aldeia Munduruku, inclusive, vão responder na Justiça pelos crimes de desacato e resistência.

http://g1.globo.com/mato-grosso/noticia/2012/11/entidades-denunciam-pol…

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