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Entidades apontam subnotificação das mortes de indígenas pela doença

Valor Econômico, Brasil, p. A5
13 de Abr de 2020

Entidades apontam subnotificação das mortes de indígenas pela doença
Enquanto os grupos já contabilizam a morte de três indios, os dados oficiais da Funai registram apenas um óbito

Por Isadora Peron - De Brasília 13/04/2020 05h01 Atualizado há 4 horas

Entidades da sociedade civil estão preocupadas com a subnotificação da pandemia do novo coronavírus entre a população indígena. Enquanto os grupos contabilizam a morte de cinco índios, os dados oficiais da Fundação Nacional do Índio (Funai) registram três óbitos. Essa diferença acontece porque os dados da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) leva em conta apenas índios que moram em aldeias - excluindo os chamados índios urbanizados.
O Ministério Público Federal (MPF) acredita que essa contabilização pode vir a ser judicializada no futuro. A 6ª Câmara de Coordenação e Revisão do MPF, responsável por atuar junto a populações indígenas e comunidades tradicionais, vai discutir o assunto amanhã. No momento, mais do que as estatísticas, o órgão defende que é preciso garantir atendimento a todos os índios.
Até agora, pela contagem oficial, há nove casos confirmados de contaminação por coronavírus e três mortes, incluindo um índio yanomami de 15 anos, que vivia em Roraima, que morreu na última quinta-feira.
No início do mês, no entanto, foi confirmada a morte, por coronavírus, de uma senhora indígena, da etnia Borari, que morava em Alter do Chão, vila turística de Santarém (PA). No dia 5, uma nova morte aconteceu em Manaus, de um índio da etnia Mura.
Esse levantamento paralelo tem sido feita pelo Instituto Socioambiental (ISA), que lançou um painel para monitorar o avanço do coronavírus entre a população indígena. A entidade aponta que essa separação entre índios aldeados e não aldeados é um "problema estrutural" do Estado brasileiro.
Em nota, a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) também cobrou uma posição das autoridades. "Nós da Apib repudiamos o racismo institucional da Sesai, que não está acompanhando e contabilizando os casos de contaminações e mortes dos indígenas que vivem em áreas urbanas", diz o grupo.
O secretário de Saúde Indígena, Robson Santos da Silva, afirma que nenhum indígena ficará sem atendimento, mas que a Sesai não tem estrutura para atender quem está nas cidades e que isso será feito pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Nas últimas semanas, lideranças indígenas lançaram a campanha "Fica na Aldeia". O slogan é uma adaptação do "Fica em casa" que vem sendo usado para promover o isolamento social.

Valor Econômico, 13/04/2020, Brasil, p. A5

https://valor.globo.com/brasil/noticia/2020/04/13/entidades-apontam-sub…

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