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Entenda o conflito

Correio do Estado-Campo Grande-MS
09 de Ago de 2002

De um lado estão cerca de 400 índios que hoje ocupam cerca de 35 hectares, dentro da Fazenda Fronteira, no município de Antônio João. O imóvel faz faz parte de um total de 12 propriedades que integram as 9,5 mil hectares. De outro lado os fazendeiros exigem a retirada dos indígenas de dentro da área, até que haja decisão judicial sobre a disputa. Eles alegam que vivem um clima de tensão por uma série de abusos que estariam sendo cometidos pelos índios.
Durante a reunião que aconteceu na última quinta-feira, em Dourados, na Justiça Federal, chegou a ser colocado que a Justiça não iria mais promover nenhum tipo de encontro para propor conciliação entre eles. No entanto, o procurador Ramiro Rockenbach ainda acredita na possibilidade de uma convivência pacífica. Ele adiantou que, passando esse período de ânimos acirrados, vai voltar ao município de Antônio João para desta vez visitar todos os proprietários envolvidos e reiniciar a negociação.
Dois antropólogos, Fábio Mura e Ruben Thomaz de Almeida, estão na área de conflito desenvolvendo levantamentos na região. O juiz federal José Denílson Branco aguarda a conclusão dos trabalhos para uma melhor análise da questão. Ele também solicitou a realização de uma perícia técnica de avaliação imobiliária, as quais deverão ser analisadas no mesmo ato.
O que levou a Funai a pedir a identificação e a desapropriação dos 9,5 mil hectares como terra indígena seria a existência de inscrições em pedras e o encontro de materiais que caracterizariam a presença de índios em séculos anteriores naquela região.
Já o advogado Guilhermo Salazar, dos produtores rurais, contesta a alegação e afirma que elas pertenceram a Rafaela Lopez, irmã do ex-presidente paraguaio Francisco Solano Lopez. Em pesquisas realizadas junto ao Museu do Índio, no Rio de Janeiro, o advogado recolheu documentos que mostram que Rafaela Lopez comprou as terras da República do Paraguai em 1863 e em 1870 elas foram anexadas ao território brasileiro com o tratado de paz que encerrou a Guerra do Paraguai. Segundo Salazar, a área foi comprada pelos antepassados dos atuais moradores.
As terras reivindicadas, que não atingem apenas grandes propriedades rurais mas também um distrito do município de Antônio João, dividem os dois países e do lado paraguaio já existe uma reserva indígena, denominada Pyssiry. Com a desapropriação dessa área brasileira, Brasil e Paraguai ficariam interligados através de terras ocupadas por índios.

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