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Enfim, a regularização

CB, Brasil, p. 16
08 de Dez de 2005

Enfim, a regularização
Incra anuncia ampliação das áreas para a reforma agrária na região de Anapu, onde atuava a missionária Dorothy Stang, executada em fevereiro no Pará. Julgamento dos assassinos começa amanhã, em Belém

Ullisses Campbell
Da equipe do Correio

Às vésperas do julgamento dos pistoleiros acusados de executar a missionária norte-americana Dorothy Stang, o governo acelerou a reforma agrária na região de Anapu, município em que a religiosa atuava, no oeste do Pará. A Superintendência Regional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), de Santarém (PA), começou ontem a segunda fase do cadastramento de cerca de 750 famílias de trabalhadores rurais da região. A distribuição dessas terras no estado era uma das bandeiras de luta mais importantes da religiosa, que morreu em 12 de fevereiro deste ano. Hoje, o presidente do Incra, Rolf Hackbart, anunciará em Belém as ampliações das glebas onde Dorothy atuava. Na visita ao estado, Hackbart aproveitará para anunciar a liberação de créditos para famílias assentadas em municípios próximos da capital.
Os novos assentamentos de Anapu, no total de 29 glebas, serão anexadas aos Projetos de Assentamento Grotão da Onça, Pilão Poente II e Pilão Poente III, todos no município em que a missionária foi assassinada. Esses assentamentos foram finalizados às pressas. "O governo acelerou a reforma agrária na região depois que a missionária foi morta. O ideal seria manter esse ritmo no ano que vem", ressaltou o coordenador estadual do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST), no Pará, Welton da Costa.
Segundo o Incra, a ação é resultado do trabalho de demarcação que vem sendo feito há aproximadamente três meses pelo Exército brasileiro nas glebas Bacajá e Belo Monte. De acordo com o chefe da Unidade Avançada do Incra em Altamira, Bruno Kempner, as 750 famílias beneficiadas neste primeiro momento já vivem na área há muitos anos. "Só agora elas terão sua situação regularizada", explica.
O assentamento Grotão da Onça, outra área de atuação da missonária norte-americana, foi ampliado de 3.700 para 12.782 hectares. Atualmente, o projeto de assentamento tem 160 famílias, que já estão plantando e criam cabeças de gado para subsistência. Com a ampliação, o assentamento poderá receber mais 100 novas famílias. Já o assentamento Pilão Poente II, antes com 12.600 hectares e 180 famílias, foi ampliado em mais 74 mil hectares, possibilitando o assentamento de até 1.150 famílias.
O mesmo acontecerá com a área de Pilão Poente III, onde vivem aproximadamente 350 famílias numa área de 34.809 hectares. Com a ampliação em mais 9 mil hectares, será possível a inclusão de outras 200 famílias. Segundo Kempner, o trabalho de cadastramento vai durar cerca de 10 dias e será feito por duas equipes do Incra, cada uma composta por três técnicos. "O cadastramento dessas famílias demonstra o compromisso do Incra com os trabalhadores rurais de Anapu", define o chefe da Unidade Avançada do Incra em Altamira.
Boa parte das famílias que serão beneficiadas pela ampliação dos projetos de assentamento de Anapu estarão em Belém para acompanhar as duas sessões do julgamento dos acusados de executar a freira, previsto para começar nesta sexta-feira. Os pistoleiros Rayfran das Neves Sales, o Fogoió, e Clodoaldo Carlos Batista, o Eduardo, são réus confessos e enfrentarão o júri popular.

CB, 08/12/2005, Brasil, p. 15

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