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Encontro sobre o Inventário da Língua Guarani Mbya (ILG)

Ipol Instituo de Investigação e Desenvolvimento em Política Linguística - http://ipol.nucleoead.net/
Autor: Bárbara Robertson
01 de Ago de 2011

O I Encontro sobre o Inventário da Língua Guarani Mbya (ILG) terminou dia 27 e reuniu várias lideranças Guarani, poder público e especialistas. A discussão do resultado do estudo realizado durante a execução do projeto, para o IPOL - Instituto de Investigação e Desenvolvimento em Política Linguística - só faz sentido se compartilhada com a própria comunidade indígena. Como mesmo afirmou Gilvan Müller de Oliveira, diretor executivo do Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP), "a língua é dos Guarani e continuará a ser dos Guarani que, através do seu uso, das suas lideranças, das suas assembleias, fixarão o futuro dela no contexto do plurilinguismo brasileiro".

Foram inventariadas 69 aldeias através de seis Estados brasileiros (ES, SP, RJ, PR, SC, RS), somando um total de 928 questionários respondidos. Ainda, foi coletado material de pesquisa em arquivo e base de dados, aplicação de questionários, marcação de pontos das aldeias por GPS, relatórios das idas a campo, registro audiovisual, registro de depoimentos e coleta de objetos. O resultado de toda essa pesquisa foi compilado no Inventário da Língua Guarani Mbya.

O livro editado pelo IPOL com o apoio do recém instaurado Inventário Nacional da Diversidade Lingüística (INDL) reune boa parte das informações em 11 capítulos ordenados em conjunto com mapas expositivos, infográficos e informações estatísticas. Tudo no sentido de melhor registrar a língua Mbya, elevando-a, através do reconhecimento do Instituto do Patrimônio Histórico Nacional (IPHAN), a patrimônio imaterial brasileiro. Segundo Fabíola Nogueira Cardoso, técnica em antropologia do departamento do patrimônio imaterial do IPHAN de Brasília, o ILG poderá clarificar a atual situação da língua na conjuntura nacional, e, além disso, garantir mais direitos e reconhecimento linguístico aos falantes.

Num Brasil que convive com mais de 210 línguas faladas em todo território nacional, o reconhecimento institucional consiste numa importante estratégia para salvaguardar a diversidade do país, violentamente amputada desde o processo colonial. Rainer Enrique Hamel - professor convidado da Universidade Autônoma Metropolitana do México - reconhece a importância de se inventariar as línguas, apesar de boa parte ter concebido seus códigos de escrita só depois. Constituíam-se, no princípio, como representações essencialmente orais. O livro, para esse pesquisador mexicano, é ainda o suporte hegemônico de difusão. Portanto, o registro editorial ajuda sobremaneira na conservação dos idiomas e na preservação de diversidade lingüística.

Deste modo, o encontro com as lideranças contribui para dialogar com a própria comunidade sobre os métodos de análise e as diretrizes a serem seguidas a partir de agora. Para o IPOL, é fundamental que o inventário não seja visto como um trabalho técnico, realizado a revelia da comunidade. Rosângela Morello, diretora do instituto, enfatiza que as principais pessoas desse trabalho são os próprios indígenas, portadores de uma língua que remonta a história e a ancestralidade de um país obrigado a ser ver diante do português como representação hegemônica. Infelizmente, a maioria dos brasileiros desconhece a riquíssima diversidade linguística do país.

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