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Encontro propoe adaptacoes a efeito estufa

FSP, Ciencia, p.A33
19 de Dez de 2004

Conferência ambiental da ONU dribla impasse, mas chuta para 2005 discussões sobre redução de gases depois de Kyoto
Encontro propõe adaptação a efeito estufa
Cristina Amorim
Enviada especial a Buenos Aires
A COP-10 (10ª Conferência das Partes da Convenção do Clima da ONU) terminou na manhã de ontem com o conceito de adaptação presente na pauta ambiental da comunidade internacional, como desejava o país-anfitrião, Argentina. Duas decisões sobre como os países vão se adaptar às mudanças climáticas provocadas pela ação do homem foram aprovadas após 12 dias e meio de negociação duras entre os países.
Um documento foi aprovado pela COP com princípios e ações sobre como as nações devem lidar com a adaptação. O Programa de Buenos Aires, como ficou conhecido, "estabelece uma série de chaves e ações para que países desenvolvidos e em desenvolvimento possam se preparar para as conseqüências do aquecimento global, explicou o delegado argentino Raúl Estrada Oyuela, que apresentou a proposta.
Adaptação era, até recentemente, uma palavra maldita entre os especialistas, por significar que o efeito estufa é uma realidade e nada mais pode ser feito para prevenir suas conseqüências -mais tempestades secas e extinções.
Entre os itens incluídos no documento estão a busca pela transferência de tecnologia entre nações e a identificação de "vulnerabilidades": áreas ou comunidades, por exemplo, que mais sofrerão com as variações do sistema climático. Além disso, foi aceita a realização de um seminário em maio de 2005, em Bonn (Alemanha), para que haja trocas de informação entre os governos sobre adaptação e mitigação -como reduzir o impacto das variações.
O seminário foi o tema principal dos debates mais acirrados que aconteceram na COP-10. A aceitação fecha uma discussão entre os países que têm metas de corte de emissões de gás carbônico (CO2) e os que não as têm.
A idéia foi proposta no início da conferência também por Raúl Estrada. A UE encampou a proposta e indicou a intenção de trazer os EUA novamente para a mesa de negociações ambientais, além de discutir, já no próximo ano, a criação de metas de redução de emissões para países em desenvolvimento após 2012.
Dito pelo não-dito
O caminho que a proposta tomou nas mãos da UE elevou a importância do seminário de um encontro técnico para um debate sobre um panorama posterior ao acordo de Kyoto, que entra em vigor em fevereiro e expira em 2012.
De acordo com o protocolo, países industrializados precisam diminuir em 5,2% a quantidade de gás carbônico (CO2) jogada na atmosfera entre 2008 e 2012, em relação aos índices registrados em 1990. A UE assumiu o compromisso como política pública, ao contrário de países como os EUA.
Os integrantes do G-77, grupo que reúne os países em desenvolvimento e a China, não possuem metas semelhantes de redução de emissões. A solução foi deixar claro no texto que o encontro não terá validade para futuras negociações sobre metas de redução.
Os termos exatos foram negociados pelos delegados, a portas fechadas, durante a madrugada de sexta-feira para sábado. Eles ainda passaram por uma nova discussão na última plenária da COP-10 -que foi encerrada enquanto a infra-estrutura da conferência era literalmente desmontada em Buenos Aires.
Anteontem, a secretária-executiva da convenção, Joke Waller-Hunter, afirmou que as conversas sobre futuros regimes não devem ser apressadas. "A proposta do seminário é trocar informação. Não é um preâmbulo para negociações." A próxima COP acontecerá em novembro de 2005. Três países se candidataram como sede: Canadá, Egito e Turquia. A decisão sobre qual receberá a conferência só será divulgada em maio.

FSP, 19/12/2004, p. A33

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