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Empresas lançam sistema que indica áreas com risco de desmatamento

Valor Econômico - https://valor.globo.com/brasil/noticia
04 de Ago de 2021

Empresas lançam sistema que indica áreas com risco de desmatamento
Trabalho pioneiro foi desenvolvido por pesquisadores do Imazon, pela a Microsoft e pelo Fundo Vale

Por Daniela Chiaretti
De São Paulo 04/08/2021

Na Amazônia há 9.635 km2 sob risco de desmatamento em 2021. São 191 os municípios com áreas sob risco alto ou muito alto, 48 terras indígenas, 18 unidades de conservação, dois territórios quilombolas e 789 assentamentos rurais. Estes dados são o retrato de um futuro provável - a boa notícia é que este desastre pode ser evitado.
Os dados fazem parte de uma plataforma de previsão de risco de desmatamento, a PrevisIA, que como o nome diz, é a união de previsão com Inteligência Artificial. O trabalho pioneiro foi desenvolvido ao longo de dois anos pelos pesquisadores do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), a Microsoft e o Fundo Vale e será lançado hoje.

Souza Jr., do Imazon: "Com a ferramenta queremos trocar a lógica: olhar para a frente, prevenir e evitar o desmatamento" - Foto: Divulgação
Trata-se de uma ferramenta que possibilita aos gestores públicos intervir antes que o desmatamento aconteça. "Queremos uma mudança de paradigma, trocar a lógica: olhar para a frente, prevenir e evitar o desmatamento", explica o pesquisador Carlos Souza Jr. "E promover uma intervenção preventiva, e não punitiva", continua.
"Sabemos que 95% do desmatamento acumulado se concentra em faixas de cinco quilômetros ao longo de todas as estradas na Amazônia, as oficiais e as pequenas, abertas por madeireiros e grileiros", diz Souza. "Conhecendo a rede de estradas, conhecemos as áreas de risco, e adicionamos outras variáveis", diz. Outra frente fundamental é observar a dinâmica do histórico do desmatamento, diz o pesquisador.
Os outros dados analisados levam em conta a topografia, a cobertura do solo, a infraestrutura urbana e dados socioeconômicos para identificar tendências possíveis de derrubada da floresta.
Há um ano e meio a Microsoft anunciou o compromisso de ser "carbono negativa, ou seja, compensar mais do que emite em gases-estufa. A intenção, explica Tânia Cosentino, presidente da Microsoft Brasil, é criar um "computador planetário" para coletar dados que ajudem a proteger a biodiversidade global.
Há dois anos a empresa tem parceria com a Fundação SOS Mata Atlântica em um projeto de monitorar a qualidade da água dos rios. "Em 2020 vimos, no projeto do Imazon, que inteligência artificial e nuvem dariam escala à iniciativa. Poderia-se cobrir toda a floresta amazônica. A Vale abraçou a causa e construímos a plataforma a seis mãos", conta Tânia.
A Vale, por seu turno, já contribui para proteger 1 milhão de hectares no mundo, sendo 800 mil na Amazônia e anunciou que pretender recuperar e proteger mais 500 mil hectares de mata nativa até 2030, como parte da estratégia de se tornar carbono neutra em 2050. "A sociedade está acostumada a ver o condensado do que já foi desmatado, a olhar para trás e ficar com o sentimento de impotência", diz Hugo Barreto, diretor de sustentabilidade e investimento social da Vale. "A novidade é a possibilidade de criar sinais de alerta para frente, em relação às tendências de desmatamento", continua.
A PrevisIA permite evitar tendências detectadas pelos pesquisadores. A área conhecida como arco do desmatamento, que concentra o foco da degradação, está se expandindo e entrando, por exemplo, pelo Estado do Amazonas, até há alguns anos um dos mais preservados da região. "Fazíamos o mapeamento das estradas de forma manual. Hoje conseguimos treinar o algoritmo", diz Souza. Explica: é como o usuário que gosta de um determinado gênero de série e os serviços de streaming começam a oferecer programas que se encaixam no gosto do espectador.
A ferramenta, diz ele, tem potencial para ser útil aos frigoríficos, que podem estar em uma área em que não há risco de desmatamento e indicar o fato aos consumidores. Para o agronegócio pode ser ferramenta de rastreamento da cadeia. Também pode servir aos bancos, que saberão em que região da Amazônia estão emprestando recursos, assim como aos procuradores públicos. Também se inverte a lógica atual, que é de punir os municípios campeões de desmatamento. A PrevisIA possibilita que se identifiquem áreas de risco dentro dos municípios amazônicos, que costumam ser grandes. Trata-se de um mapa de risco para 12 meses, com escala de um quilômetro por um quilômetro, o que equivale a 100 campos de futebol.
"O nosso vinculo com a Amazônia nos levou ao desenvolvimento da SAD, o Sistema de Alertas de Desmatamento do Imazon", lembra Barreto, da Vale. "A PrevisIA será uma ferramenta importante na nossa agenda para a neutralidade em carbono", continua.

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