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Empreendimento dos Kayapó na Terra Indígena Baú recebe certificações do FSC e IBD

Amazonia.org.br - Link: http://www.amazonia.org.br
Autor: Renata Moraes
13 de Dez de 2006

Os índios Kayapó da Terra Indígena Baú receberam nessa quarta-feira (13/12) o selo FSC e a certificação orgânica do IBD para sua produção de óleo de castanha, em evento ocorrido na sede da Fiesp em São Paulo. A região, no sudoeste do Pará, tornou-se a maior área de floresta tropical certificada para manejo do mundo, com 1,5 milhão de hectares. Para Roberto Smeraldi, diretor da Amigos da Terra - Amazônia Brasileira, ficou claro que é possível fugir à lógica de desenvolvimento baseado na conversão de florestas levando viabilidade econômica às terras indígenas, sem que para isso essas populações abram mão de sua cultura.

As lideranças indígenas Kayapó que compareceram ao evento aproveitaram a oportunidade para divulgar o óleo, que já foi vendido para uma grande empresa de cosméticos em 2005 e tem compradores interessados para a próxima safra. O certificado FSC (Forest Stewardship Council) atesta que a produção foi manejada seguindo critérios de sustentabilidade, promovendo desenvolvimento econômico aliado a justiça social e preservação ambiental. Já o certificado do IBD relaciona-se à garantia de que usaram o mínimo de insumos externos, privilegiando métodos de agricultura (coleta, no caso) que recuperam, mantêm e promovem a harmonia ecológica.

Parcerias
Os índios tiveram assessoria do projeto Balcão de Serviços para Negócios Sustentáveis - projeto de Amigos da Terra - para a elaboração de um modelo de controle do processo de coleta, beneficiamento e comercialização do óleo. A indigenista Carmem Figueiredo, que coordenou as discussões acerca do manejo na TI. Do Baú, afirma que a certificação é apenas um instrumento dentro de uma estratégia de negócio sustentável. De acordo com Ana Yang, secretária-executiva do FSC, embora seja um desafio, serve como garantia da realização de atividades sustentáveis na floresta, além de gerar renda para as comunidades tradicionais ao aproximá-la da indústria, cada vez mais interessada em produtos desse tipo.

O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec), João Carlos Basílio, aponta uma tendência do mercado de produtos corporais e de higiene em incorporar matérias-primas florestais brasileiras. "Mas é necessário que as cadeias produtivas sejam bem estruturadas, para que haja a garantia de fornecimento constante." Estruturar a produção e estabelecer planejamento faz parte do plano de manejo exigido pelo FSC.

O cacique Koe-i Kayapó, da TI Baú, destacou que as empresas têm muito a ganhar trabalhando junto com indígenas, e aproveitou para pedir a colaboração para a obtenção das certificações de outra três terras da etnia: Menkragmoti, Kapoto/Jarina e Pykany. O cacique Ytunti, da Terra Indígena Menkragmoti, disse que estão em busca de parceiros e abertos a negociações.

A Abihpec colocou-se á disposição dos Kayapó para dar suporte na obtenção de equipamento e instalações necessárias para que produzam produtos de melhor qualidade. "Pretendemos contribuir para que essas outras terras também alcancem a certificação", disse João Carlos.

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