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EM RORAIMA, A OFENSIVA DE GOLIAS CONTRA DAVI

Site do Cimi informe no.541
05 de Dez de 2002

Inconformados com a decisão do Superior Tribunal de Justiça, que no dia 27/11 manteve a portaria de demarcação da terra indígena Raposa/Serra do Sol (conforme informe 540), os inimigos dos povos indígenas em Roraima estão orquestrando uma ampla ofensiva - com pressão e mobilização nos diversos poderes locais e nacional, nas escolas e universidades e, principalmente, na imprensa local.

Essa trama chega ao governo recém-eleito, com quem buscam se mancomunar, até com adesão ao Partido dos Trabalhadores, para chegar aos seus objetivos. Querem a todo custo impedir a demarcação e garantia das terras indígenas. Para isso, utilizam, de forma inescrupulosa e distorcida, o discurso do desemprego, da fome, da internacionalização. Aliás, essas são as teclas desgastadas com que eles têm brandido as espadas contra os direitos dos povos indígenas desta região. Trata-se de uma falácia já tantas e tantas vezes desmentida pela realidade dos fatos, pelo sofrimento e resistência dos povos. Na verdade é a investida desesperada de "Golias contra Davi", neste apagar das luzes de um governo totalmente alinhado com os poderosos e o grande capital nacional e internacional, sacrificando mais uma vez os direitos e a vida dos pequenos, dentre os quais, os povos indígenas. De invadidos, os índios passam a ser considerados invasores, de defensores da fronteira, à ameaça, de construtores de desenvolvimento, a empecilho de um tipo de desenvolvimento concentrador de riquezas e criador da exclusão.

Vejamos um pouco da lógica perversa que vem sendo utilizada para negar os direitos indígenas na região.

Afirmam que a demarcação das terras indígenas inviabiliza o estado de Roraima. Foi exatamente o contrário que aconteceu: as terras foram tomadas dos índios e depois, para inviabilizá-las, criaram-se as vilas, os municípios e o estado sobre essas terras.

Afirmam que os índios impedem o desenvolvimento. Que tipo de desenvolvimento está sendo orquestrado no estado de Roraima? Primeiro, espalharam pelo país uma propaganda enganosa para atrair mão-de-obra para a região. Abandonados à fome, os trabalhadores acabaram deixando as terras ao longo da Transamazônica e foram para os garimpos, grande parte deles dentro de terras indígenas ou até em outros países. Assim, estava se consolidando uma das formas de invasão e de conflito entre os pobres e desprezados. Depois, vieram os grandes produtores, que se instalaram nas terras mais produtivas, apropriadas à sua ganância, independente de serem terras indígenas ou não. Com o discurso de desenvolvimento, está se instalando em Roraima um agressivo processo concentrador de renda, de agressão ao meio ambiente e de marginalização e discriminação, especialmente às populações nativas, os povos indígenas.

Finalmente, a violenta reação dos sete grandes plantadores de arroz, e a iniciativa de aproximação com o Partido dos Trabalhadores, é mais uma das faces raivosas dos interesses antiindígenas que querem, a qualquer preço, consolidar suas posições.

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