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Em meio a ações contra mineração ilegal, Salles se reúne com indígenas e garimpeiros no Pará

O Globo, País, p. 6
06 de Ago de 2020

Em meio a ações contra mineração ilegal, Salles se reúne com indígenas e garimpeiros no Pará

Ministro do Meio Ambiente defendeu "debate de maneira aberta" sobre permitir a atividade

Leandro Prazeres

Em meio a ações de combate à mineração ilegal na Amazônia, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, viajou a Jacareacanga, no Oeste do Pará, se reuniu com garimpeiros e defendeu a atividade. Em vídeos da reunião obtidos pelo GLOBO, indígenas da etnia Munduruku que atuam em garimpos clandestinos na região cobraram Salles para que ele suspendesse as operações do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) no local. Salles, por sua vez, defendeu a possibilidade de indígenas atuarem em garimpos.

- É importante que a gente faça esse debate de maneira aberta. Parem de fazer de conta de que os indígenas não querem garimpar ou produzir lavoura, ou que não querem fazer atividades ligadas ao setor madeireiro florestal como se isso fosse verdade absoluta - disse Salles, após a reunião.

As operações de combate a garimpos ilegais no Oeste do Pará estão ocorrendo há algumas semanas. Fiscais do Ibama têm destruído equipamentos e desmontando garimpos na região que é conhecida como um dos principais polos de mineração ilegal do país. A atuação do Ibama irritou garimpeiros da região que chegaram a ocupar a pista do aeroporto de Jacareacanga em protesto após a chegada do ministro à região.

Salles chegou a Jacareacanga nesta quarta-feira e a viagem não estava prevista em sua agenda oficial. Procurada, a assessoria de imprensa do Ministério do Meio Ambiente disse não ter conhecimento da viagem.

Nos vídeos aos quais O GLOBO teve acesso, garimpeiros que se autodeclararam indígenas da etnia Munduruku cobraram o fim das operações na região.

- Nós, indígenas, dependemos dessa atividade. O município depende 90% dessa atividade garimpeira. Hoje, diz que é ilícito, que é irregular. Estamos cientes e temos ciência de que estamos na ilegalidade, mas mostre um caminho, um trabalho, um emprego para os nossos filhos - disse um indígena cuja identidade não pôde ser verificada.

Em um dos vídeos, um garimpeiro diz que o governo havia se comprometido com a categoria e prometido que não haveria mais queima de maquinário.

- Eu participei duas vezes (de reuniões), no ano passado, onde o ministro e demais autoridades disseram que não iria acontecer o que está acontecendo. Estamos recebendo áudios de que estão queimando equipamento - afirmou o garimpeiro cuja identidade não pôde ser verificada.

Em setembro de 2019, também após operações de combate a garimpos ilegais, o governo recebeu uma comissão formada por garimpeiros em Brasília. Diversos ministros participaram da reunião, entre eles Ricardo Salles e o chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno.

A eleição do presidente Jair Bolsonaro criou expectativas entre os garimpeiros que atuam na Amazônia. Bolsonaro defende a atuação de garimpeiros na região e enviou um projeto de lei ao Congresso Nacional que regulamenta a mineração em terras indígenas. O projeto, no entanto, ainda está em tramitação.

O Globo, 06/08/2020, País, p. 6

https://oglobo.globo.com/sociedade/em-meio-acoes-contra-mineracao-ilega…

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