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Em Manaus, indígenas venezuelanos moram em abrigos e têm artesanato como fonte de renda

G1 g1.globo.com
12 de Jul de 2017

As miçangas revelam uma saudade. No colar, as cores da bandeira da venezuelana. Mas, mais que uma lembrança, o artesanato tem sido a principal fonte de renda dos indígenas da etnia Warao em Manaus. Cerca de sete meses depois de iniciarem migração para a capital do Amazonas, eles continuam a se instalar na cidade. A migração surge como uma alternativa para fugir da crise que afeta a Venezuela. Muitos deles dividem espaços improvisados enquanto tentam driblar a saudade de casa, da família e de amigos.

Na capital amazonense, eles estão em prédios no Centro e em um abrigo na Zona Leste. Segundo levantamento da Secretaria de Estado da Justiça, Direitos Humanos e Cidadania (Sejusc), 512 venezuelanos estão alojados no Serviço de Acolhimento e no Centro de Manaus até último dia 5 de julho. A tendência é que esse número cresça.

Os indígenas abrigados em Manaus saíram da Venezuela para tentar fugir da fome. Um deles foi Juan Pérez, que mora provisoriamente no abrigo.

"Não tem nada [na Venezuela]. Estão morrendo crianças e adultos. Por isso vim para cá, pela comida", disse o indígena.

Outro indígena que vive atualmente em Manaus é Evelio Mariano. Ele saiu de Tucupita e passou por vários municípios até chegar a Boa Vista, em Roraima. Lá, ele conseguiu regularizar a sua documentação para viver no Brasil.

"Para passar na fronteira, como nós não temos documentos, [ficamos] escondidos, porque o Governo Federal estava lá e quando nos pegavam, a gente voltava. Por isso decidimos vir para cá, pela situação que está passando a Venezuela", disse Mariano.

A atitude é reflexo da pior crise da história da Venezuela. Aos 29 anos, Aníbal Pérez viu o declínio da 5ª maior economia da América Latina, e resolveu buscar dias melhores em um lugar novo, com cultura diferente e um idioma que, para ele, era estranho. Aníbal segue em busca de trabalho.

"Não queremos prejudicar e nem queremos ser parte do problema desta sociedade. Queremos ser parte da solução. Somos trabalhadores e precisamos de recursos", afirmou Aníbal.

Abrigo

Na Zona Leste de Manaus, um abrigo com capacidade para 300 pessoas foi a solução emergencial para acolher parte dos indígenas. Lá, eles recebem atendimentos social e de saúde. No entanto, a estadia deve ser curta: a previsão é que os abrigados fiquem no local por, no máximo, dois ou três meses.

"Outros venezuelanos têm chegado a nossa cidade e esses venezuelanos também precisam ter a oportunidade de ser atendidos, assim como esses que estão aqui, que vieram lá no dia 1 de junho para esse local. Estão tendo de atendimentos médicos, alimentação, um local de acolhida de seus pertences, de seus familiares e com segurança também", disse o secretário executivo adjunto da Seas, Ítalo Bruno Nonato.

O abrigo deve ser mantido pelo estado por seis meses. A prorrogação depende do próximo governo, que deve assumir após eleição suplementar em agosto deste ano. Após o prazo, a Prefeitura de Manaus deve passar a auxiliar os venezuelanos.

"Os indígenas saindo do abrigo, ou os que já estão em situação de vulnerabilidade no Centro de Manaus, encontrem casas em que o município pagaria esses primeiros alugueis para que depois, com as próprias alternativas de rendas que fossem construídas, os próprios indígenas assumissem esses alugueis para construir a autonomia deles", contou Fernando Soave, procurador da República.

Enquanto a crise na Venezuela continua, indígenas como Juan e seus familiares pretendem ficar em Manaus por muito tempo.

"Quando melhorar [a situação na Venezuela] eu poderei regressar. Se não melhorar, não poderei regressar", afirmou Juan Pérez.

http://g1.globo.com/am/amazonas/noticia/em-manaus-indigenas-venezuelano…

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