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Em live pela democracia, artistas e ativistas pedem união entre pessoas que pensam diferente

FSP, Poder, p. A9.
14 de Set de 2020

Em live pela democracia, artistas e ativistas pedem união entre pessoas que pensam diferente
Participantes criticaram Bolsonaro e também repudiaram racismo, homofobia e destruição ambiental

SÃO PAULO

Em uma maratona de mais de cinco horas, artistas, ativistas, jornalistas e influenciadores digitais participaram neste domingo (13) da live "Democracia Vive", parte da campanha "Brasil pela Democracia", promovida por 80 organizações da sociedade civil e movimentos sociais.

O cantor Lulu Santos, a cantora Elza Soares, a filósofa e colunista da Folha Djamila Ribeiro, o influenciador digital Felipe Neto, o apresentador Fábio Porchat, a atriz Alice Braga e a antropóloga Lilia Schwarcz foram algumas das personalidades que falaram ou cantaram no evento.

Houve pedidos de união entre pessoas que pensam diferente e críticas ao presidente Jair Bolsonaro, ao racismo, à homofobia e às agressões contra os indígenas, o ambiente, a cultura, a ciência e a imprensa.

Em conversa com o músico Samuel Rosa, Djamila criticou a "democracia de baixa intensidade" no Brasil, em que vários grupos não podem exercer seus direitos fundamentais. "Com racismo não há democracia", disse a filósofa, que também ressaltou a falta de educação para formar estudantes com visão crítica.

"O conceito de democracia precisa ser uma coisa ensinada e percebida desde muito cedo", disse o advogado Augusto de Arruda Botelho em conversa com a DJ e atriz Kiara Felippe. "Não dá pra ser um cidadão bacana se você não entende esse conceito extremamente básico do que é democracia", disse.

Os participantes citaram a necessidade de lembrar a gravidade dos abusos de direitos humanos cometidos durante a ditadura militar (1964-1985), como uma forma de conscientizar parte da população atraída por apelos autoritários.

Também abordaram a desigualdade, racismo, sexismo, homofobia, desmatamento, desinformação e a atuação do governo federal na pandemia.

"No Brasil, 45 mil George Floyds são assassinados por ano e não há essa mobilização", disse Preto Zezé, presidente da Central Única das Favelas, referindo-se aos protestos gerados pela morte, nos EUA, do homem negro sufocado por um policial branco.

O jornalista Leonardo Sakamoto, do UOL, falou sobre os ataques à imprensa profissional. "Desde 1o de janeiro de 2019, temos visto a promoção de violência contra jornalistas para moldar a opinião pública à imagem e semelhança dos desejos e opiniões de um presidente", disse Sakamoto.

"Esse tipo de ação, que nasce na rede e se derrama para fora, não pode ser encarada como algo banal, não. É grave e está diretamente relacionada à lenta corrosão de nossas instituições democráticas."

O líder indígena Ailton Krenak, em conversa com a atriz Alice Braga, disse que o Brasil tem vivido pequenos e sistemáticos golpes contra a democracia e que "o aparelho do Estado está predisposto a ignorar a Constituição", comentando violações a direitos dos indígenas.

O evento foi promovido por organizações como a Associação Brasileira de Juristas pela Democracia, Artigo 19, CNBB, Coalizão pelo Clima, Comissão Arns, Conectas, CGT, CUT, Fundação Tide Setubal, Geledés - Instituto da Mulher Negra , Greenpeace, Instituto Ethos, Instituto Socioambiental, Instituto Vladimir Herzog, MST, OAB, Observatório do Clima, Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, Uneafro, #Juntos e #somos70porcento.

FSP, 14/09/2020, Poder, p. A9.

https://www1.folha.uol.com.br/poder/2020/09/em-live-pela-democracia-art…

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