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Eles podem mudar o mundo

Bons Fluidos, Abril/Maio, p. 36-41
30 de Abr de 2015

Eles podem mudar o mundo
Graças à atuação de ativistas posicionados nas mais diversas trincheiras, realidades são transformadas todos os dias. E, ainda que a passos lentos, o mundo vai se endireitando na esteira da solidariedade

texto Raphaela de Campos Mello | imagens Shutterstcok

Enquanto muitos vivem em causa própria, mesmo num mundo tão carente de consertos, alguns optam por dedicar suas vidas ao bem comum. Essas pessoas carregam os genes do desprendimento e do inconformismo. Formatação que resulta naquele imperativo interno avesso a panos quentes diante das adversidades: "Levante-se e faça alguma coisa!".
No Brasil, muitas são as batalhas, mas, felizmente, muitos também são os guerreiros em campo, somando forças e encontrando soluções coletivas para antigos e novos problemas. BONS FLUIDOS conversou com importantes nomes do ativismo em cinco áreas: economia solidária, direitos humanos, saúde, meio ambiente e educação. A seguir, esses emissários de um futuro melhor contam o que os move em suas lutas diárias, resumem suas contribuições até aqui e apontam o que ainda precisa ser feito.

Meio Ambiente
Por dez anos, entre as décadas de 1970 e 1980, André Villas-Bôas, então funcionário da Fundação Nacional do Índio (Funai), viveu em povoados indígenas na Amazônia. Hoje é secretário-executivo do Instituto Socioambiental (ISA), fundado em 1994 por um grupo de ativistas, com sede em São Paulo.
André, que nasceu em Salvador e se criou em São Paulo, não aceita o fato de que comunidades detentoras de um inestimável patrimônio cultural e grandes protetoras das florestas não só sejam marginalizadas, como, ainda mais grave, sofram ameaças de serem aniquiladas ou desalojadas de suas terras de origem.
Por isso, reúne apoiadores de todas as frentes - empresas, governos, instituições - a fim de interferir positivamente nas políticas públicas. Investe na pesquisa, difusão e documentação de informações indispensáveis ao sucesso da causa. "As populações urbanas estão desconectadas da realidade do interior do país, bem como das origens dos recursos que consome. É um grande desafio mobilizá-las", reconhece. Seu empenho em proteger as terras dos índios na Amazônia e a própria cultura desse povo, serviu como um alerta para a ação devastadora do agronegócio, especialmente das plantações de soja, que nas últimas décadas avançaram na região.
Segundo o ativista, o item mais urgente na pauta ambiental é evitar que o país retroceda nas conquistas firmadas pela constituição de 1988. "Temos uma bancada no congresso extremamente conservadora em relação aos direitos socioambientais. Vários deles estão sendo ameaçados", alerta. Como exemplo, ele cita o Código Florestal, legislação ambiental criada em 1965 com o objetivo de definir quais áreas devem ter a vegetação conservada e quais podem ser usadas para a agricultura. O problema é que as leis em vigor desde 2012 afrouxaram a responsabilidade dos proprietários em relação à preservação das florestas, ou seja, as áreas de preservação obrigatória foram reduzidas.
Com isso, a natureza ficou ainda mais vulnerável aos interesses econômicos.
O horizonte, a seu ver, é cinza. É aí que a luta requer ainda mais lucidez.

Contato: Instituto Socioambiental (ISA), tel. (11) 3515-8900, socioambiental.org

Bons Fluidos, Abril/Maio, p. 36-41

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