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Eles conservam o planeta

CB, Responsabilidade Empresarial, p.7
12 de Out de 2005

Eles conservam o planeta
Politicamente corretas, algumas empresas criam normas internas para evitar desperdício de água, investem US$ 56 milhões de reais em programas e até criam unidades de preservação
Danielle Romani
Quando as empresas ainda começavam a despertar para a necessidade de se pautar no desenvolvimento sustentável, harmonizando crescimento econômico à preservação do meio ambiente, o grupo 0 Boticário já radicalizava. Em 1990, com apenas uma década de vida, os empresários que comandavam a indústria de perfumaria e cosméticos 100% brasileira, decidiram arregaçar as mangas e preservar o verde. Em grande estilo.
Graças a essa perspectiva visionária, que antecede a Rio-92 e aos movimentos politicamente corretos das empresas nacionais - a maioria de olho nos ganhos e aprovação do mercado internacional - o grupo paranaense inaugurou, em 1990, a Fundação 0 Boticário de proteção à natureza, uma decisão acertada, que traz dividendos e muito prestígio à indústria no Brasil e no exterior.
Quando me chamaram para coordenar a Fundação uma as idéias era que para cada produto fabricado fosse plantada uma árvore. Na linha de produção me deparei com o gigantismo da proposta: eram milhões de unidades, o que tornaria o processo um pouco difícil. Aconselhei, então, que ao invés de plantarmos novas árvores, preservássemos o que já havia e que necessitava de proteção", lembra Miguel Milano, diretor técnico da Fundação e especialista na área ambiental.
Sua decisão foi acertada. Nos 15 anos de vida da Fundação, a entidade tanto apoia e desenvolve ações que efetivamente protegem espécies da natureza como ajuda a formar profissionais que trabalham na área a sensibilizar milhares de pessoa.
"Da criação da Fundação até julho passado, apoiamos 990 projetos de mais de 270 instituições diferentes, com investimentos de cerca de US$ 6 milhões", gaba-se Milano, que têm orgulho em informar que neste período, graças à Fundação 0 Boticário, 17 novas espécies de animais e plantas brasileiros foram descobertos. "Três delas levam o nome Boticário como reconhecimento", diz.
Mas o maior passo para consolidar o trabalho deu-se em 1994. Neste ano, a Fundação adquiriu uma área de 2.340 hectares no coração da floresta atlântica paranaense, e transformou-a na Reserva Natural Salto Morato. Localizada em Guaraqueçaba, litoral norte do Paraná, a reserva é reconhecida pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) como parte do Sítio do Patrimônio Natural da Humanidade do Lagamar desde 1999. Foi a primeira vez que uma área privada recebeu um reconhecimento do porte. A cada ano, informa Milano, sete mil pessoas visitam o local, onde centenas de pesquisas já foram realizadas.
0 trabalho realizado pelo grupo 0 Boticário é louvável. Mas não é o único. Outras empresas, como o banco HSBC também estão focadas na preservação ambiental e na promoção de práticas e patrocínios para incrementar o desenvolvimento sustentável. Há décadas o banco tem um compromisso na área. E não apenas no Brasil, onde também tem atuação expressiva na preservação do meio ambiente. Em 2004 lançou um guia internacional de políticas florestais, o Forest Guideline. E pautam a concessão de empréstimos para empresas do setor. Segundo a gerente sênior de Responsabilidade Social da instituição, Ana Paula Gumy, as medidas foram adotadas com base em padrões aceitos por diversos setores, como indústria, agências multilaterais e organizações não governamentais ambientais. "Estamos agora desenvolvendo parâmetros para outras áreas como água doce, metalurgia e mineração, combustíveis e produtos químicos", explica a executiva.
Além do trabalho para o público externo, o banco também se preocupa com o espaço interno. "Com cerca de dez mil escritórios pelo mundo, o HSBC também deixa "pegadas" no planeta. Temos ações corporativas de conscientização para redução do consumo de água, de energia, de viagens rodoviárias e aéreas -incentivamos o maior uso de tele e vídeo conferências - além de praticarmos a reciclagem de papel e lixo, usarmos papel reciclado e a coleta seletiva", diz Ana Paula.
Em fevereiro de 2002, o banco anunciou a criação do programa Investindo na natureza, que tinha orçamento de US$ 50 milhões a serem distribuídos em cinco anos para três organizações não governamentais, Botanic Garden Conservation International, Earthwatch e WWW Do total disponibilizado, US$ 5 milhões foram destinados a WWF Brasil para o programa Água para a vida, água para todos.
A Mitsubishi Brasil tem uma estrutura pequena. Apenas uma fábrica instalada na cidade de Catalão, em Goiás. Mas desde a construção da planta vem se preocupando em preservar o meio ambiente. Para tanto, contratou uma empresa especializada no setor, a De Ferran Engenharia Ambiental, e montou uma equipe com 16 pessoas para trabalhar com eficiência e sem sujeira.
"Cuido de todos os aspectos do sistema produtivo, preocupado em não poluir. Nosso trabalho se centra em quatro aspectos e controles: na geração de resíduos sólidos, fluentes líquidos, emissão atmosféricas e licenciamento ambiental", explica Marcos de Ferran, engenheiro ambiental e consultor permanente da empresa. Para manter a equipe e as boas práticas, a Mitsubishi investe R$ 3 milhões anuais na fábrica goiana. "Vale a pena trabalhar de forma limpa e consciente", diz Ferran.

CB, 12/10/2005, p. 7

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