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Eleições impedem socorro a 80 mil pessoas no Piauí

OESP, Nacional, p. A14
25 de Set de 2004

Eleições impedem socorro a 80 mil pessoas no Piauí
Lei impede liberação de verbas; em 52 cidades não há comida nem água para a população

Luciano Coelho

A proximidade das eleições está atrapalhando o combate à seca no semi-árido do Piauí, onde 52 municípios já decretaram estado de emergência. Mais de 80 mil pessoas estão sem comida nem água, mas, por causa da Lei Eleitoral, está proibida a liberação de verbas. Paralelamente, há o temor de que qualquer ajuda enviada seja usada politicamente.
Preocupada com a situação, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) quer buscar soluções eficazes para o problema. Além disso, o governo do Estado elaborou um plano de contingência, mas a execução esbarrou na falta de recursos próprios e na negativa do Ministério da Integração Nacional em liberar recursos antes do período eleitoral.
A seca nesses 52 municípios ganhou proporções alarmantes, pois falta água até para consumo humano e a perda agrícola é superior a 65% da safra. Como tentativa de reduzir os prejuízos causados pela seca no semi-árido, o governo do Estado vai distribuir 2,4 mil cestas de alimentos e água, em carros-pipa, para 890 localidades.
O comandante do Corpo de Bombeiros, que acumula as funções de secretário de Defesa Civil, coronel Francisco Barbosa, revelou que foi composta uma comissão técnica para levantar a situação e enumerar as alternativas de socorro imediato.
Alternativas - O presidente da OAB nacional, Roberto Busato, comentou que, se há um estado de emergência em função do flagelo da seca, o Executivo tem de agir logo. "É preciso buscar alternativas. Tem de aplicar as verbas para solucionar o problema. Não pode fazer uso político. Aí seria pior ainda, porque usaria politicamente o flagelo da população."
Busato cobra uma posição urgente para o semi-árido do Piauí. "É perfeitamente aceitável a interferência do Poder Executivo dentro dessa problemática. Sem dúvida, todas as instituições existem em função do povo e tudo em benefício do povo deve ser preservado", ressaltou Busato.
"A Ordem está em busca de soluções e fazendo considerações para que possa haver uma atuação eficaz", comentou o presidente da OAB no Piauí, Álvaro Mota.
Ele considera que a população piauiense deve ser atendida imediatamente e pede que seja intensificada a fiscalização para evitar o uso político de benefícios. "A vida humana é mais importante que tudo. Não podemos permitir a manutenção da indústria da seca, mas não se pode deixar as pessoas morrerem de fome e sede."

OESP, 25/09/2004, Nacional, p. A14

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