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Efeito estufa poderá comprometer regimes hídricos do continente

GM, Nacional, p. A5
15 de Dez de 2004

Efeito estufa poderá comprometer regimes hídricos do continente

Cientistas advertiram ontem que a elevação de 2C ou mais da temperatura global poderá ameaçar o abastecimento de água na América Latina, reduzir a produção de alimentos na Ásia e intensificar os fenômenos atmosféricos no Caribe. As advertências foram feitas em relatório divulgado por um grupo de cientistas europeus à margem da conferência anual das Nações Unidas sobre mudanças climáticas. "O estudo é destinado a calcular o impacto das alterações climáticas em áreas selecionadas do planeta e avaliar até que nível essas mudanças podem ser toleráveis", disse o diretor do grupo Mudanças Globais e Sistemas Sociais do Instituto de Potsdam para Pesquisa sobre o Impacto do Clima na Alemanha, Carlo Jaeger.
A temperatura do planeta é usada como orientação pelos ambientalistas e autoridades governamentais que tentam controlar o nível das emissões de gás do efeito estufa ao qual se atribui o aquecimento global. "Isso poderá provocar a elevação do nível das águas em vários metros e envolver toda uma série de grandes riscos para o bem-estar dos seres humanos e a integridade do meio ambiente", disse Jaeger.
A divulgação do relatório ocorre no momento em que representantes de quase 200 países aprimoravam os detalhes do Protocolo de Quioto, um tratado histórico sobre o aquecimento global a ser implementado em fevereiro. O acordo obriga as principais nações industrializadas a reduzir até 2012 a emissão de gases das fábricas, dos veículos e das usinas de energia movidas a carvão responsabilizados por acumular calor na atmosfera.
Pelo Protocolo de Quioto, governos das 30 nações mais ricas estão em vias de estabelecer cotas para as emissões dos seus setores industriais para atender às metas nacionais especificadas. Mas China, Índia e outros países mais pobres ficaram isentos das metas de curto prazo estipuladas pelo Protocolo. Os Estados Unidos rejeitaram o plano, sendo que o presidente norte-americano George W. Bush, em 2001, opôs-se às isenções e disse que isso prejudicará a economia dos Estados Unidos.
Os ambientalistas estão alarmados com o que consideram a crescente evidência do tributo destrutivo do aquecimento global. Cientistas americanos informaram em abril passado que as temperaturas globais aumentaram em média de 7C em relação ao século passado. Jaeger disse que os cálculos do relatório foram baseados na suposição de que se as temperaturas médias aumentassem cerca de 2C acima daquelas do século passado, poderiam provocar o colapso do ecossistema das florestas tropicais do Amazonas e levar à elevação dos níveis das águas afetando a Groelândia.
No Peru, país em que quase 70% da energia é obtida por usinas hidrelétricas, o abastecimento de água em Lima poderá ser ameaçado se o aquecimento continuar, segundo Jaeger. Outras áreas vulneráveis são China, onde o aumento das temperaturas globais poderá afetar a produção de arroz, e o Caribe, região já afetada pelo aumento extremo dos fenômenos climáticos como furacões, disse Jaeger.
A China é o segundo maior emissor mundial, sendo que os EUA ocupam o primeiro lugar.

GM, 15/12/2004, Nacional, p. A5

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