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Educar e qualificar mão-de-obra é uma estratégia para mudar RR

Folha de Boa Vista-Boa Vista-RR
05 de Jul de 2001

No conjunto de ações para mudar o perfil sócio-econômico da região, investir na educação básica e na qualificação é uma das estratégias a serem seguidas continuadamente, além de estimular a visão empreendedora. "As pessoas devem ser criativas e tomarem conta de seu próprio destino", disse o doutor em planejamento estratégico, Roberto Cavalcanti de Albuquerque, em entrevista após a palestra no Seminário Calha Norte/2001, realizada em Boa Vista.
Para ele, na falta de grandes investimentos através da iniciativa privada, as entidades públicas precisam mostrar quais as potencialidades que o Estado passa a ter nesta década.
No entendimento dele, equacionadas questões anteriormente restritivas, como vias de escoamento e energia elétrica, a região ganha uma expectativa de futuro melhor, quando começa a ser mais observada. Destaca que para cá devem ser atraídos investimentos de capitais brasileiros, preferencialmente na área dos agronegócios.
Durante a palestra ontem, no Palácio da Cultura, o advogado e economista disse que um dos principais desafios do país é compatibilizar sua inserção na economia global, com a integração nacional, onde está a questão da Amazônia.
Segundo ele, até meados da década passada o Brasil se orientou e transferiu lealdade para o Mercosul e só depois despertou para a existência de um grande mercado interno e da necessidade de integrar as regiões.
"Não se pode integrar apenas o Sudeste ao mundo, também devem ser integrados o mundo ao Nordeste e a Amazônia, sob pena de se fraturar o país e agravar o desequilíbrio. Isso quer dizer que as duas coisas devem seguir juntas. O desafio é conciliar a inserção do país na economia global, com a integração do seu mercado", comentou.
Roberto de Albuquerque disse que no plano da Amazônia Setentrional, a interligação das regiões deve ser feita a partir de uma visão multimodal de transportes, com relevância a rede fluvial.
O meio seria complementado por rodovias alimentadoras, com melhoria nos pontos de estrangulamento na rede fluvial, como o trecho encachoeirado do Rio Negro e nos sistemas de transporte. "A idéia é dar maior fluidez na economia da região, reduzindo o tempo e o custo das distâncias em transporte superficial", analisou.
Quanto a inserção de Roraima neste contexto, argumenta que o Estado é atendido por um grande eixo de penetração para o norte. Boa Vista é o portal brasileiro para o Caribe e para os mercados da América Central e do Norte.
"Nessa condição, a BR-174 e sua integração com a Venezuela e possivelmente a abertura do eixo para Georgetown, via Bonfim, darão a Roraima e seu pólo principal - Boa Vista, condições de uma inserção mais dinâmica e eficaz na economia do continente sul americano, brasileira e global", complementou.
Sem considerar aspectos políticos, o economista acredita que o melhor acesso de Roraima ao Atlântico é através de Georgetown, porque teria uma redução de 600 quilômetros. Para ele, atualmente o Estado passa por um período de abertura à economia e isso deve gerar novas atividades produtivas nas áreas de grãos e pecuária.
Nos estudos feitos por ele, Roberto Albuquerque afirma que núcleos produtivos de Belém e Manaus têm grande relevância na Amazônia Setentrional. Outros, ainda tentam se inserir neste contexto.
"Eu acho que os três núcleos de segundo nível - Macapá, Boa Vista e Santarém - têm grandes potencialidades. Por exemplo, Boa Vista foi beneficiada por dois fatos importantes que são a BR-174 e a energia. Então, ela está linha que vai fluir, riqueza, produção, pessoas. O que sugiro para Roraima e acho que vocês já devem ter esta idéia, é que Boa Vista seja a capital brasileira do hemisfério norte. Ou seja, um portal para o hemisfério norte".
Na avaliação que faz, conciliar as questões indígena e ambiental com o desenvolvimento deve fazer parte de uma estratégia de prudência. "Não é possível imobilizar a história. Ela vai evoluindo no tempo. É preciso preservar etnias, culturas, biodiversidade, recursos naturais, biodiversidade. Mas isso não significa imobilizar", declarou.
Na mesma direção, entende que o uso dos recursos naturais deve ser racional, avançando no conhecimento e ao mesmo tempo na utilização não predatória. "Na Amazônia é preciso preservar certos espaços, como reservas que ainda não se conhecem bem. Mas é preciso também conservar utilizando os espaços que se conhece melhor no processo gradual de ampliação do desenvolvimento e do bem-estar, sem ferir o meio ambiente, buscando a integração".

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