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Educação contribui para a conservação do Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque

WWF - http://www.wwf.org.br
Autor: Ligia Paes Barros
18 de Out de 2011

Fazer com que os moradores da região do entorno do Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque reconheçam a riqueza ambiental do local onde vivem e valorizem esse patrimônio é um dos principais desafios da equipe gestora do parque nacional.

Trabalhando na região há oito anos, os analistas ambientais da unidade de conservação perceberam que em três pessoas - número de gestores do parque -, não conseguiriam proteger esse parque nacional de quase 4 milhões de hectares. É preciso estar mais próximo e ter apoio da população.

Foi então que surgiu a idéia de 'começar do começo', como disse o analista ambiental Paulo Russo, coordenador de Educação Ambiental e Articulação Institucional e Comunitária do Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque, ou seja, trabalhar com educação. Assim, no início de 2010, surgiu o Curso de Pedagogia em Projetos sobre Temas Ambientais (CPPTA).

Este curso, que é realizado com o apoio da Ecosia e do WWF-Brasil, é direcionado para professores efetivos da rede pública do Amapá para que eles sejam informados sobre o que é o Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque, qual a sua importância, onde ele está localizado e, ainda, sejam capacitados para desenvolver projetos em suas escolas e discutir tais informações com os alunos.

"O curso de professores é uma estratégia de comunicação do parque. Por meio dele, nós conseguimos fazer contato com a comunidade, porque ninguém em nenhuma vila se opõe a um curso de professores. É uma maneira de trabalhar a prevenção como proteção", afirmou Russo.

O curso

O CPPTA é realizado em parceria com a Universidade Federal do Amapá (Unifap) e tem três etapas: a primeira é de sensibilização na qual é feito um diagnóstico do município, contato com as escolas e prefeitura para conseguir apoio e seleção das escolas beneficiadas.

O segundo momento é a capacitação em si, quando o curso é de fato ministrado aos professores, e o terceiro é de monitoramento, quando a equipe do parque acompanha as atividades nas escolas e ajuda os professores a formar parcerias com órgãos do governo estadual e municipal para implementarem seus projetos.

Foram realizados três cursos até o momento, um em Serra do Navio, o segundo em Oiapoque e o outro em Porto Grande. O curso que ocorreu em Oiapoque foi realizado em parceria com o Parque Nacional do Cabo Orange, como uma forma de integrar ações nesse município considerado estratégico para a duas unidades de conservação. Em Porto Grande, o curso foi resultado da integração entre as equipes de três unidades de conservação federais no Amapá: a iniciativa de realizar o curso foi da Floresta Nacional do Amapá e os parques nacionais Montanhas do Tumucumaque e Cabo Orange deram o apoio técnico.

Cerca de 25 professores participaram de cada curso e estão tocando seu projetos com seus alunos.

Nos três municípios, o curso está na última fase. Os gestores estão acompanhando os projetos ambientais nas escolas e articulando a realização de novos cursos para estimular os alunos - como exemplo, foi promovido o curso de produção de documentário ministrado por equipe da Unifap em Serra do Navio, além da previsão da estruturação de uma equipe de teatro.

Saiba mais sobre o CPPTA, no blog do projeto: http://cppta-tumucumaque.blogspot.com/2011/10/oficina-de-roteiro-e-docu….

Resultados

Os alunos das escolas desses três municípios estão sentindo os resultados dessa experiência. Agora, eles têm a oportunidade de conhecer um pouco mais sobre o parque nacional do qual são vizinhos e sobre a importância de preservar o meio ambiente.

É o caso do aluno Daniel Negrão, de 15 anos, aluno da escola Duque de Caxias, de Oiapoque, que está participando de um projeto desenvolvido pelos seus professores a partir do CPPTA. "Eu fiquei feliz de saber que existe o parque nacional e que existem lugares que eu não conhecia que são tão lindos aqui perto. Estamos aprendendo a proteger tudo que está ao nosso redor", afirmou Daniel.

A equipe do ICMBio está satisfeita com os resultados alcançados até o momento. A chefe substituta do parque nacional, Marcela de Marins, que mora em Serra do Navio, afirma que depois que o curso começou, houve uma aproximação significativa com os moradores da cidade. "Eles nos reconhecem, sabem quem somos nós e conhecem um pouco mais o nosso trabalho, o que não acontecia antes", afirmou Marins.

Segundo Russo, o objetivo de estreitar relações com a população e sensibilizá-la para o cuidado com o meio ambiente foi atingido. "A ideia não era realizar mais uma ação informativa, queríamos muito mais. Era necessário estabelecermos laços afetivos com as comunidades. Nosso desejo era tecer algo que fosse resistente às intempéries dos discursos políticos e às tentações oferecidas pelo modelo econômico hegemônico", afirmou Russo.

Em conversas com professores e alunos, a equipe do WWF-Brasil pode ver a diferença que o apoio do WWF-Brasil e da Ecosia estão fazendo na região. "Realmente o projeto está sendo muito importante para melhorar a relação entre a equipe do parque e a população e para a divulgação da importância da unidade de conservação", afirmou Mariana Ferreira, analista de conservação do WWF-Brasil. "Este é um primeiro passo e que pretendemos continuar apoiando para que cada vez mais gente entenda a necessidade da conservação da natureza nessa área e se engaje para fazer sua parte", completou Ferreira.

A opinião dos professores

Para os professores que participaram do curso, a iniciativa representou uma grande oportunidade de capacitação. Acostumados a participarem de cursos teóricos que acabam não tendo utilidade prática, os alunos do CPPTA são unânimes em dizer que o curso os inspirou.

A professora Josenira dos Santos, da escola estadual Hermelino Gusmão, em Serra do Navio, considera o direcionamento prático sobre como abordar o tema ambiental o ponto forte do curso. "Nós vimos que em pequenas ações dentro da sala de aula nós podemos fazer o aluno entender e vivenciar a educação ambiental. Não foi muita teoria, foi mais prática", afirmou a professora. "Nós conhecemos mais o parque, a gente passou a vê-lo mais de perto, trouxeram o parque para nosso convívio", completou Santos.

Já para Edson Sampaio, professor da escola estadual Duque de Caxias, em Oiapoque, o diferencial do curso foi o acompanhamento pelos monitores do CPPTA. "Eles voltarem na escola para acompanhar o projeto está sendo muito legal porque até os alunos estão mais envolvidos, sabendo que eles vão voltar para ver o que nós estamos fazendo", disse Sampaio.

A coordenadora do laboratório de botânica e educação ambiental da Unifap e responsável pelo curso na instituição, Cristiane Menezes, conta que ministrar o curso foi um grande aprendizado até mesmo para os instrutores, que tiveram que se dedicar para envolver os professores e garantir o sucesso do curso. "O primeiro dia de curso é o momento de conquistar a turma, se não conseguirmos o curso fica inviável. Por isso é sempre bastante dinâmico, temos um arte educador, fazemos teatros. E nós temos 100% de aproveitamento. Todos os professores gostam e ficam até o último dia de curso, o que nos deixa muito satisfeitos", afirmou Menezes.

Todo esse esforço é reconhecido pelos alunos. "Eu achei o curso muito interessante porque a equipe estava muito empenhada o tempo todo. Foi interessante observar a didática e a organização do curso. Nós valorizamos o CPPTA porque foi um curso que nos impactou", afirmou o professor da escola Duque de Caxias, de Oiapoque, Aldo Pantoja.

Aldo e Edson estão desenvolvendo um projeto de valorização das riquezas ambientais de Oiapoque com seus alunos.

Saiba mais sobre a viagem de campo ao Tumucumaque e veja as fotos de Oiapoque e dos professores e alunos da região aqui: http://www.wwf.org.br/natureza_brasileira/areas_prioritarias/amazonia1/…

http://www.wwf.org.br/natureza_brasileira/reducao_de_impactos2/amazonia…

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