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Eclusas de Tucuruí só operam com o rio cheio

OESP, Economia, p. B14
09 de Out de 2011

Eclusas de Tucuruí só operam com o rio cheio
Inaugurada por Lula no ano passado, obra foi interrompida e transporte ficou limitado

Renée Pereira

Foram quase três décadas de construção, R$ 1,6 bilhão gastos e muita dor de cabeça até aquele 30 de novembro de 2010. Era tarde de terça-feira, quando o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva desembarcou em Tucuruí, com sua sucessora, Dilma Rousseff, a tiracolo para fazer o que outros seis presidentes da República não conseguiram: inaugurar as emblemáticas eclusas de Tucuruí, no Rio Tocantins, que ampliariam em 1,6 mil quilômetros o transporte hidroviário no País.
O discurso foi regado a elogios e uma sensação de orgulho por tirar aquele projeto do papel. Mas a boa notícia ficou nisso. Depois da inauguração com pompa e circunstância, surgiram os primeiros entraves.
As obras complementares para tornar o rio navegável não foram realizadas e o transporte de carga está limitado. Trata-se da derrocagem (retirada de pedra) do Pedral de São Lourenço, que fica próximo de uma das eclusas de Tucuruí.
Sem a obra, os comboios com milhares de toneladas de carga não conseguem ultrapassar um trecho de 35 km durante o período seco do rio, entre agosto e janeiro. Nessa época do ano, somente pequenas embarcações trafegam no local.
"Com isso, apenas podemos usufruir das eclusas durante a cheia", afirma Luiz Carlos Costa Monteiro, presidente da Companhia Siderúrgica do Pará (Cosipar), controladora da MC Log, empresa de navegação que atua no Norte do País.
Foi a companhia que inaugurou o empreendimento no ano passado, quando o então presidente Lula visitou o local. Depois disso, as eclusas entraram em comissionamento e testes. A operação regular entre Marabá, Barcarena e Belém apenas teve início em julho deste ano. Mas no final de agosto teve de ser interrompida por causa da seca do rio e da falta de navegabilidade no trecho do Pedral de São Lourenço, conta Monteiro.
"Com a derrocagem, poderíamos fazer 100% do transporte da Cosipar pela hidrovia." A empresa já encomendou três novos comboios de 18 mil toneladas cada para ser usado na nova rota de transporte. "O primeiro já está pronto, mas só poderá começar a operar no ano que vem durante a cheia."
Para permitir a navegabilidade o ano todo, será necessário retirar do fundo do rio 693 mil metros cúbicos de rocha. O Ministério dos Transportes afirma que a obra já tem projeto e licença ambiental concedida, mas não foi iniciada porque o governo decidiu fazer um novo estudo para redução dos custos. A previsão inicial era gastar R$ 520 milhões com a derrocagem, dragagem e sinalização do rio. Os serviços durariam cerca de 30 meses.
Ou seja, ainda vai demorar algum tempo para a Hidrovia Araguaia-Tocantins ganhar impulso e ligar o Porto de Belém à região do Alto Araguaia, no Estado de Mato Grosso. Para especialistas em logística, a nova rota tem potencial para reduzir em até 15% o custo do frete na região produtora de grãos. As duas eclusas de Tucuruí têm capacidade de 40 milhões de toneladas por ano ou 24 comboios por dia nas duas direções.

OESP, 09/10/2011, Economia, p. B14

http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,eclusas-de-tucurui-so-opera…

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