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Duda prepara Lula para primeira coletiva

FSP, Brasil, p.A7
28 de Abr de 2005

Marqueteiro e ministros fazem treinamento para a entrevista de amanhã, que ainda não tem formato definido
Duda prepara Lula para primeira coletiva
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deverá dedicar boa parte do dia de hoje a uma sabatina com auxiliares e ministros a fim de se preparar para responder a temas espinhosos de sua primeira coletiva oficial desde que assumiu o cargo, em janeiro de 2003. A entrevista será às 10h30, amanhã.
O presidente se reunirá hoje com o publicitário Duda Mendonça, marqueteiro de sua campanha em 2002 e homem de confiança na área de comunicação. Duda, que viajou ontem com Lula e o ministro Luiz Gushiken (Comunicação de Governo) para o Pará, foi chamado para a sabatina. Ele prepara todos os pronunciamentos oficiais de Lula.
A entrevista acontece numa semana em que, na visão do governo, há acúmulo de "agenda negativa". Por isso, Lula hoje terá agenda restrita. Terá despachos só com Duda, assessores e ministros. Uma viagem ao Tocantins, prevista para hoje, foi cancelada.
Tópicos de "agenda negativa" foram listado por auxiliares de Lula. Alguns deles: acusações de desvio de verbas contra o ministro Romero Jucá (Previdência); afirmação de que o brasileiro, comodista, não levanta "o traseiro" para tomar atitude contra os juros altos; o recorde planetário de juros altos; e as acusações da oposição de aumento de gastos, excesso de impostos e mau gerenciamento na área social.
Entram ainda na "agenda negativa" possibilidades de perguntas sobre a antecipação do debate com a oposição a respeito das eleições de 2006, a política externa (aumento da tensão entre Venezuela e EUA na semana em que a secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, visitou Brasília) e os seguidos percalços na articulação política no Congresso.
Ontem, o presidente da Câmara dos Deputados, Severino Cavalcanti (PP-PE), comparou o governo ao regime militar pelo excesso de medidas provisórias que paralisam o legislativo.
Nesse cenário, a decisão de realizar a entrevista coletiva foi mantida diante do argumento de que seria pior adiá-la. Ela poderá servir de oportunidade para Lula tentar minimizar danos, como a péssima reação ao discurso de que o brasileiro "é incapaz de levantar o traseiro".
Formato
Há dúvida sobre o formato do encontro. Ainda não se sabe, por exemplo, se os jornalistas terão direito a réplica, como seria natural no caso de o repórter não se sentir satisfeito com a resposta ou querer contra-argumentar. Isso deve ser anunciado hoje.
A entrevista acontecerá no segundo andar do Palácio do Planalto, onde há três salões para eventos e a sala oval, na qual o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso concedeu coletivas.
Segundo o secretário de Imprensa da Presidência, André Singer, "o presidente tem se mostrado disposto a conceder uma entrevista coletiva aberta". Lula, porém, resistiu por muito tempo.
Para responder a perguntas diversas, será a primeira vez que Lula estará frente a frente de representantes de todos os tipos de mídia. Até agora, Lula deu entrevistas, separadamente, para alguns veículos, correspondentes internacionais, colunistas de jornais e emissoras de rádio.
Em 28 meses de gestão, a relação entre Lula e a imprensa já teve momentos tensos, como quando o Planalto enviou ao Congresso a proposta de criação do Conselho Federal de Jornalismo, que visava "orientar, disciplinar e fiscalizar" o exercício da profissão e das atividades de jornalismo. (EDUARDO SCOLESE E KENNEDY ALENCAR)

Presidente diz que país vai ganhar mais independência com biodiesel
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva utilizou ontem o biodiesel como mote para um discurso empolgado com os resultados do combustível que fez lembrar a campanha "O Petróleo é Nosso", deflagrada no Brasil no início dos anos 50 e que culminou com a criação da Petrobras.
Sobre um caminhão improvisado como palanque, Lula disse que o biodiesel, que passou a ser produzido no Pará pelo grupo Agropalma com a borra do dendê, poderá transformar o Brasil "num país muito mais independente".
Lula visitou a plantação de palma de dendê em Moju (a 200 km de Belém) e plantou uma muda. Estava com quatro ministros e o marqueteiro Duda Mendonça.
Segundo a assessoria da Presidência, Duda foi ao evento a convite do ministro Luiz Gushiken (Comunicação Institucional) para acompanhar o projeto, que poderá virar peça publicitária.
Redenção
"Eu era recém-eleito presidente e o companheiro Roberto Rodrigues [ministro da Agricultura], que tinha participado de uma reunião não sei onde, me disse: "Presidente, o biodiesel pode ser a redenção do nosso país, pode ser o maior programa de combustível alternativo na história do Brasil, depois do Proálcool'", lembrou Lula. E completou dizendo que o biodiesel "gera muito mais emprego e é menos poluente".
O preço do petróleo no mercado internacional vai determinar o percentual de biodiesel que será misturado ao óleo diesel, segundo Lula. Hoje, a proporção é de 2%. O presidente disse, ainda, que o Brasil está criando uma nova matriz energética e que o Brasil, no futuro, servirá de exemplo para outros países.

FSP, 28/04/2005, p. A7

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