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Dois índios truká foram assassinados na noite de quinta-feira, na Ilha de Assunção, em Cabrobó, a 606 quilômetros do

Radiobrás-Brasília-DF
02 de Jul de 2005

Recife. Segundo o tenente coronel da Policia Militar de Pernambuco Edein Vespaziano, Adenilson dos Santos, 38 anos, e seu filho Jorge dos Santos, 17, foram mortos em confronto com policiais.

"Tinha um individuo procurado pela polícia com um mandado de prisão que estava localizado na tribo Truká. O deslocamento de policiais que tem na região, foram até o local e lá foram cercados pelos índios impedindo-os que entrasse e passaram a agredi-los, com pedra, paus até a armas de fogo", disse o tenente.

Segundo o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Santos era uma das principais lideranças indígenas da região. O presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Mércio Pereira Gomes, informou que a fundação deve abrir inquérito para apurar as mortes.

O líder truká Monzeni Carlos conta que, no momento dos tiros contra os índios, acontecia uma festa de comemoração pelo novo convênio do governo federal para a reconstrução de 140 casas que foram destruídas com as chuvas do ano passado e o asfaltamento de 18 quilômetros de vias na ilha.

Segundo o tenente coronel Edein Vespaziano, Adenilson era procurado por tráfico de drogas, formação de quadrilha, homicídio e assalto a banco. Para o coronel, o próximo passo será a apuração dos fatos e a abertura de inquérito. O coronel diz que a Polícia Militar de Pernambuco está à disposição para esclarecer os fatos para a sociedade.

Para o truká Monzeni, os PMs agiram "com irresponsabilidade". "O povo de Cabrobó tinha dado um voto de confiança para que fosse instalado um posto policial na área. Essa foi a nossa infelicidade". Mozeni afirma ainda que os índios estão sofrendo fortes pressões dos policiais militares. Ele diz que não pode "nem sair da ilha" para o velório de seu companheiro, pois tem medo de novos assassinatos. Os índios aguardam a chegada da Policia Federal no local para que comecem as investigações.

Segundo o advogado Sandro Lobo, do Conselho Indigenista Missionário, o problema entre os Truká e a Polícia Militar de Pernambuco já existe desde 1998, quando os índios começaram a reocupar as terras consideradas tradicionais e passaram a retirar dali os fazendeiros que ocupavam a região. "Com essa retomada, a Polícia Militar e a Civil começaram a perseguir os índios e acusarem de furto de gado, formação de quadrilha, entre outros. Essas lideranças indígenas começaram a ser prejudicadas, ficando impedidas de retornarem para seu território".

Ainda segundo o Cimi, Santos era um dos principais líderes truká, irmão do também cacique Neguinho. O Cimi reconhece que havia mandado de prisão contra Adenilson e alega que várias das acusações contra as lideranças truká surgiram durante o processo de luta pela terra.

Nota oficial divulgada pelo Cimi nesta sexta expressa "preocupação pelo fato de não ter sido feito nenhum exame pericial nos corpos dos indígenas mortos, apesar de eles terem sido levados a um hospital em Petrolina". "É uma situação prática irregular, que pode comprometer o esclarecimento dos fatos", diz a nota.

O Cimi também diz que a versão da polícia sobre os acontecimentos, alegando que os PMs teriam sido recebidos a bala pelos índios, "é contestada por vários indígenas que estavam reunidos na hora do assassinato. Os que presenciaram as mortes afirmam que a polícia não apresentou nenhum mandado de prisão e que não foi recebida a tiros. Pelo contrário, os policiais estavam à paisana e só se identificaram após terem atirado".

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