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Doentes, Yanomami da Venezuela migram para o Brasil em busca de socorro

Boletim da CCPY - Comissão Pró-Yanomami
25 de Abr de 2001

Só no ano passado, Uhiri atendeu 453 índios com doenças infecto-parasitárias em quatro aldeias localizadas no lado brasileiro

A precariedade do atendimento à saúde prestado aos Yanomami que habitam a Venezuela está provocando um êxodo para o lado de cá da fronteira. Há meses, famílias yanomami atingidas por doenças infecto-parasitárias têm procurado postos localizados no Brasil próximos à fronteira com a Venezuela, como Auaris, Xitei, Homoxi e Toototobi.
Estas informações foram prestadas pelo Dr. Cláudio Esteves de Oliveira, médico e presidente da Urihi Saúde Yanomami, entidade não-governamental que, em convênio com a Fundação Nacional de Saúde (Funasa), presta atendimento a cerca de 6,8 mil índios, 52% dos Yanomami no Brasil. O êxodo, que começou no início de 2000, está crescendo e muitos índios doentes acabam morrendo antes de chegarem aos postos brasileiros. As comunidades que procuram assistência no Brasil são obrigadas a empreender longas caminhadas a pé para regiões onde nem sempre têm parentes ou relações amistosas, o que os coloca em situação extremamente vulnerável. Além disso, por estarem longe de suas roças, precisam receber alimentação durante todo o período em que se encontram em tratamento no Brasil, o que os põe em situação de extrema dependência. Diante de tantas dificuldades físicas e sociais, estas comunidades só recorrem à assistência em postos brasileiros por absoluta necessidade.
Um relatório preparado pela Urihi informa que 453 yanomami provenientes de aldeias na Venezuela foram atendidos em Auaris, Xitei, Homoxi e Toototobi em 2000. Ao longo do ano, foram diagnosticados, entre outros males, 184 casos de malária, 110 casos de infecções respiratórias agudas, 48 casos de doenças dermatológicas, 30 casos de conjuntivite e 13 de diarréia e desidratação. Houve quatro óbitos, sendo dois de crianças com menos de um ano de idade.
Segundo cálculo da Urihi, nos primeiros três meses de 2001, foram feitas 225 notificações de doenças em pessoas yanomami provenientes da Venezuela, o que representa a metade do total de notificações de todo o ano passado.
Uma análise dos diagnósticos feita pela Urihi informa que o total dos casos registrados (453) em 2000 se refere a doenças infecto-parasitárias, o que indica a ausência de medidas de controle e prevenção dessas moléstias na área onde vivem os Yanomami da Venezuela. A Urihi informa ainda que cada pessoa que chega aos postos brasileiros relata ter presenciado a morte de muitos de seus parentes, vitimados, ao que tudo indica, por malária.

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