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Documento da Prefeitura afirma que Sabesp já faz rodízio noturno de água

OESP, Metrópole, p. A14
16 de Abr de 2014

Documento da Prefeitura afirma que Sabesp já faz rodízio noturno de água
Ofício distribuído a gestores municipais, ao qual o 'Estado' teve acesso, relata que a companhia está reduzindo em 75% a pressão do abastecimento na cidade entre meia-noite e 5 horas; para especialistas, medida pode indicar racionamento

Fabio Leite e Rafael Italiani - O Estado de S. Paulo

SÃO PAULO - Um documento interno da Prefeitura de São Paulo, distribuído nesta terça-feira, 15, a gestores municipais, relata que a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) informou ao Comitê Gestor dos Serviços de Água e Esgoto da capital que já está reduzindo em 75% a pressão da água fornecida na cidade entre meia-noite e 5 horas. A medida, segundo especialistas, indica que o racionamento de água já está em curso na madrugada. A Sabesp nega a prática.
O ofício, ao qual o Estado teve acesso, é assinado pelo secretário municipal de Governo, Francisco Macena, com a data desta terça. Segundo o documento, o comitê gestor que acompanha o contrato de concessão do serviço de saneamento da capital foi informado pela Sabesp de que a pressão da água na rede de distribuição da cidade está sendo reduzida de madrugada de aproximadamente 40 metros de coluna d'água (m.c.a.) para 10 metros de coluna d'água.
"Na prática, essa redução deixa a água sem força suficiente para atingir alturas maiores do que 10 metros. Ou seja, acima dessa altura os reservatórios e as regiões mais altas podem apresentar dificuldades no abastecimento. Esse racionamento exige que a gestão pública municipal fique atenta ao impacto gerado na rede para não haver prejuízo dos serviços", diz o ofício. Procurada, a Prefeitura informou que não comentaria o teor do documento.

Impacto. O m.c.a. é a unidade que mede a pressão da água na rede a partir dos reservatórios de distribuição. Quanto menor o índice, menor o alcance da água. "A redução da pressão ajuda a diminuir a quantidade de perda de água por vazamento. A consequência disso é que, em lugares mais altos, a água pode ter dificuldade de subir pela tubulação, prejudicando o abastecimento. Não deixa de ser uma forma racionamento", explica o coordenador de Engenharia Civil do Centro Universitário da Faculdade de Engenharia Industrial (FEI), Kurt Amann.
Segundo Rubem Porto, especialista em recursos hídricos da Escola Politécnica da USP, além da redução dos vazamentos, a medida faz com que reservatórios, seja de casas ou de distribuição pública, "não recebam água se estiverem a mais de dez metros de altura". Ele diz que, nesses casos, "uma pessoa que não tem caixa d'água e mora em uma zona alta da cidade não vai conseguir tomar um banho durante a madrugada".
Porto acredita que a prática é a forma menos prejudicial de se economizar água em tempos de crise. "Racionamento é uma palavra que perdeu o sentido. Está se tomando uma providência que automaticamente se reduza o consumo. Isso é feito à noite, porque é um horário em que a população é menos prejudicada. A Sabesp tem de alguma forma reduzir o consumo de água com o menor prejuízo possível para a população", afirma.
Queixas. Os casos de falta d'água na capital começaram a se intensificar em fevereiro, logo após a Sabesp tornar público que o Sistema Cantareira, que abastece 47,3% da Grande São Paulo e parte da capital, estava em crise. A maioria das queixas feitas à reportagem relatava justamente a falta d'água no período noturno.
Os primeiros bairros a sofrer com o corte foram os da zona norte, que são abastecidos pelo Cantareira. Nas últimas semanas, porém, as reclamações se estenderam para regiões abastecidas pelos Sistemas Alto Tietê e Guarapiranga.
É o caso da assistente administrativa Selma Ferreira, de 46 anos, que mora na Vila Inglesa, em Cidade Ademar, zona sul. Ela ficou mais de 36 horas sem água. "Não pensei que pudesse faltar água tão rápido. Seria melhor se avisassem antes", disse.

Por Cantareira, Alckmin se diz muito feliz com chuva em São Paulo
Água seguiu para o nordeste, onde está o Cantareira; apesar da chuva, situação da represa não deve melhorar muito

Caio do Valle - O Estado de S. Paulo

SÃO PAULO - O governador Geraldo Alckmin (PSDB) se disse "muito" feliz com a chuva que atingiu a Região Metropolitana de São Paulo nesta terça-feira, 15. Isso porque a água seguiu para o nordeste, onde está o Sistema Cantareira, que passa uma crise hídrica que pode levar a população a enfrentar rodízio no futuro. Apesar da comemoração do tucano, a situação não deve mudar muita coisa.
De acordo com a meteorologista Aline Tochio, da Climatempo, na cidade de São Paulo, entre 8h e 12h desta terça-feira, foram registrados 12,8 milímetros de chuva. A medição foi feita pelo Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), no Mirante de Santana, zona norte da capital paulista. O volume corresponde a quase 17% do que é esperado para o mês de abril.
Depois de passar por São Paulo, a chuva seguiu para a região de Bragança Paulista e o sul de Minas Gerais, onde está o Cantareira, principal manancial paulista, que abastece 47,3% da Região Metropolitana. "A chuva não está ajudando muito, não. Tinha que chover bem mais e por vários dias seguidos", disse Tochio. Ela explica que, para este mês, não há previsão de um fenômeno assim.
"A gente até tem outra frente fria chegando no domingo de Páscoa, mas a mesma situação de agora, ou seja, dá um temporal no sábado, no domingo fica mais fechado, mas na segunda-feira já não tem tanta chuva, só fica meio nublado."
Durante um evento de entrega de ônibus para transportes de crianças e jovens a entidades assistenciais, Alckmin foi questionado por um repórter se estava feliz com a chuva. "Muito, né?", respondeu, sorrindo em seguida.
"A Sabesp está fazendo um trabalho enorme no sentido de redução de perdas e a nossa preocupação é o sofrimento das pessoas, é não impor sofrimento para as pessoas. Então, vamos fazer o possível para fazer o máximo de medidas que não prejudiquem a população", afirmou Alckmin.
Madrugada fria. Ainda de acordo com os dados do Inmet, a madrugada desta terça-feira foi a mais fria deste ano, com mínima de 16,1 graus. A previsão para amanhã, segundo a Climatempo, é de um pouco mais de abertura de sol pela manhã e risco de chuva à tarde.

OESP, 16/04/2014, Metrópole, p. A14

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