Diário de Cuiabá-Cuiabá-MT
22 de Abr de 2003
Pesquisadores acreditam que cerca de 800 línguas indígenas tenham desaparecido no Brasil desde a chegada das primeiras caravelas em 1500. Do restante, em torno de 180, 13% têm menos de 50 falantes e poderão caminhar para o mesmo destino se não houver recursos para auxiliar comunidades e pesquisadores.
"A extinção drástica de cerca de 1000 línguas em 500 anos (a uma média de duas por ano) não se deu apenas durante o período colonial, mas manteve-se durante o período imperial e tem se mantido no período republicano", explica o professor Aryon Rodrigues, no artigo "A originalidade das línguas indígenas brasileiras".
Ele cita os projetos de colonização do noroeste Mato Grosso a partir de 1960 como um dos principais momentos de destruição desse tipo de riqueza cultural. "Essa enorme perda quantitativa implica, naturalmente, uma grande perda qualitativa. Línguas com propriedades insuspeitadas desapareceram sem deixar vestígios".
Segundo ele, línguas com menos de 1000 falantes são consideradas em ameaçadas de extinção em qualquer lugar do mundo. Esta é, segundo ele, a situação de 87% das línguas indígenas brasileiras. "(É preciso) pesquisa científica urgentíssima, assim como fortes ações de apoio a seus falantes que estão igualmente ameaçados".
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