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Distribuidoras já perderam R$ 1,3 bi

OESP, Economia, p. B4
26 de Jan de 2014

Distribuidoras já perderam R$ 1,3 bi
Pelas estimativas da associação do setor, este é o custo adicional só para o mês de janeiro; no ano, a conta extra pode ir a R$ 9 bilhões

Alexa Salomão

Chuvas fracas deixaram de ser um risco automático de racionamento de energia elétrica. No entanto, trazem prejuízos na certa. Quanto menor for a quantidade de água que caí do céu, maior será o número de usinas térmicas ligadas - e também maior será o preço da energia elétrica.
Pela avaliação da Abradee, a entidade que representa as distribuidoras, o preço médio da energia deve fechar o mês em R$ 400 o megawatt-hora (MWh) no chamado mercado à vista (onde o valor oscila de acordo com a oferta e a demanda). É praticamente o mesmo patamar registrado em janeiro de 2013, considerado insustentável para as empresas do setor.
Além de arcar com o custo adicional das térmicas, parte das distribuidoras também está comprando energia no mercado à vista. O problema ocorreu no ano passado e levou o governo a socorrer as empresas do setor. No entanto, a questão não foi resolvida e permanece em 2014.
Por causa da repetição do cenário, Marco Antonio de Paiva Delgado, diretor da Abradee, estima que o custo adicional das distribuidoras em janeiro deve ser muito semelhante ao registrado no ano passado. "O preço no mercado à vista já está perto de R$ 500 e o valor na média do mês de janeiro deve ficar próximo de R$ 400: é um custo adicional extraordinário incompatível com a geração de caixa das distribuidores", diz Delgado.
Na avaliação do executivo, o custo total para o setor no mês deve ficar entre R$ 1,2 bilhão e R$ 1,4 bilhão, valor bem próximo ao registrado em janeiro do ano passado. Para o ano, a previsão é que os gastos adicionais fiquem perto de R$ 9 bilhões.
As despesas adicionais com as térmicas e a variação dos preços deveriam estar sendo repassadas para os todos os consumidores do País desde o dia 1.o de janeiro, o que aliviaria o caixa das distribuidoras automaticamente.
A necessidade ou não de um aumento eventual seria identificado na conta de luz por meio de um sistema de bandeiras tarifárias.
A bandeira verde indicaria produção normal e salvo-conduto para o uso da energia em casa. Uma bandeira amarela indicaria atenção, e haveria um acréscimo de R$ 1,50 para cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos. Com a bandeira vermelha, o aumento seria o dobro, de R$3, e funcionaria como um recado para o consumidor apagar as lâmpadas e regular o uso dos equipamentos eletroeletrônicos.
No final do ano passado, porém, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) adiou a adoção das bandeiras. Oficialmente, alegou-se que o consumidor não estava preparado para entender o sistema.
Mas o setor interpretou a medida como um recuo para evitar que o aumento da conta de luz pressionasse a inflação e os gastos das famílias em ano de eleição.
Agora, apesar de os reservatórios estarem baixos e o preço da energia nas alturas, as pessoas seguem gastando energia como nunca, principalmente para aliviar o calor. Na semana passada, a demanda bateu sucessivos recordes.
Em 2013, o setor foi socorrido com aportes do Tesouro Nacional e tudo indica que essa será a alternativa em 2014. Os gastos com a compra de energia durante janeiro devem ser quitados na segunda semana de fevereiro. "Esperamos ter uma solução até lá", diz Delgado. Mais térmicas. Para garantir o abastecimento, o governo tem diversificado a geração de energia no Brasil.
Além de promover investimentos nas hidrelétricas, ampliou a parte térmica, expandiu as eólicas e cria condições para a energia solar.
"Na prática, porém, o País sempre foi mais hídrico", diz Xisto Vieira Filho, presidente da Associação Brasileira de Geradoras Termelétricas (Abraget).
"Eólica e solar têm seu papel, mas a noite não tem sol e as vezes o vento para, então, o Brasil será cada vez mais um País com térmicas e precisa viabilizar essa geração de maneira mais competitiva e equilibrada." Segundo Maurício Tolmasquim, presidente da Empresa de Planejamento Energético (EPE), a térmica há muito tempo deixou ser um seguro-apagão.
Faz parte da base do sistema de geração e há estudos para aperfeiçoar o seu uso. Um deles, avalia elevar o preço das térmicas a gás, para incentivar o uso desse tipo de energia. Cogita-se pagar R$ 150 pelo MWh nos próximos leilões. "Além de ser melhor para o meio ambiente, o custo fixo da térmica a gás é um terço o de uma térmica a carvão, por exemplo", diz.

OESP, 26/01/2014, Economia, p. B4

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