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Diretor da Fetag é nomeado superintendente do Incra

Folha de Boa Vista-Boa Vista-RR
18 de Fev de 2003

Lurenes Cruz foi indicado pelo PT entidades rurais do Estado

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O secretário para o meio ambiente da Federação dos Agricultores na Agricultura de Roraima (Fetag), Lurenes Cruz Nascimento, foi escolhido pelo Governo Federal para assumir a superintendência estadual do Instituto Nacional de Colonização de Reforma Agrária (Incra). A indicação deve ser publicada hoje no Diário Oficial.
A confirmação do nome de Lurenes era aguardada há dias pela direção do Partido dos Trabalhadores, ao qual ele é filiado. Entidades que trabalham junto com agricultores, como a Central dos Assentados do Estado de Roraima, também defendiam a indicação de Lurenes para o órgão.
O indicado avalia que a sua escolha foi o reconhecimento de um trabalho realizado ao longo de seis anos junto às organizações de agricultores e ao próprio PT. No entanto, a direção estadual do partido destaca que foram obedecidos critérios de caráter extremamente técnico, levando em consideração a capacitação do indicado no setor.
Lurenes disse que logo que assumir o órgão vai fazer um levantamento dos problemas internos do órgão no Estado. "Somente a partir disso poderemos ter uma noção exata sobre a realidade atual Incra em Roraima". Disse que também será feito um trabalho para levantar os problemas hoje enfrentados no campo.
Afirmou que pretende atuar em três frentes principais junto com o Governo do Estado, com o Iteraima (Instituto de Terras de Roraima) e com diversos segmentos da sociedade, principalmente os agricultores que trabalham com agricultura familiar.
A primeira dessas frentes diz respeito a uma questão mais interna do órgão. Segundo Lurenes, será priorizada a capacitação e valorização dos servidores federais ligados Incra. Conforme ele, o pensamento principal é colocar o órgão a serviço da comunidade, priorizando a questão social.
Outro aspecto a ser trabalhado pelo novo superintendente será dotar os assentamentos de infra-estrutura que possibilite aos assentados viverem com dignidade no campo. "Andando em todos os assentamentos, como fizemos recentemente, a principal reclamação é a falta de infra-estrutura", salientou.
Disse que em Roraima ainda não há problemas como a falta de assentamentos. "Temos terra suficiente para isso", frisou. Segundo Lurenes, o grande problema no Estado ainda é garantir a permanência dos agricultores na terra.
"Para isso, precisamos ter estradas, eletrificação rural, educação, saúde. Temos que criar um novo modelo de produção e de beneficiamento dessa produção. Esses são fatores fundamentais para que os agricultores permaneçam no campo", frisou.
O terceiro ponto de atuação que ele pretende priorizar em sua gestão diz respeito à reestruturação das áreas de colonização no Estado. Para ele, será preciso firmar parceria com o governo estadual, com o Iteraima e com os movimentos organizados como Fetag e Central dos Assentados para que seja discutida a criação de mecanismos, com o objetivo de evitar a grilagem de terras em Roraima.
"Temos que começar a nos preocupar com o fato de que precisaremos ter terra para o futuro. Então, queremos envolver a sociedade, o Governo do Estado e diversos setores que podem contribuir para o aprofundamento dessa discussão", complementou.
Para Lurenes, o Iteraima tem um papel fundamental na discussão da regularização fundiária do Estado. Por este motivo, vai chamar o instituto para fazer uma parceria, dando condições para que o órgão participe de toda discussão. "Com isso, nós estamos fortalecendo O Iteraima, que tem plenas condições de fazer um bom trabalho no Estado", comentou.
BAMERINDUS - Sobre a fazenda Bamerindus, Lurenes disse que tem duas áreas distintas que devem ser bem utilizadas no empreendimento. Uma área seria a criação de gado e a outra estaria destina à produção (que, na opinião dele, não precisa ser apenas de grãos).
Afirma ser necessário chamar o Governo do Estado para o diálogo a fim de se chegar a um consenso sobre o destino da fazenda. Disse que no local tanto pode se destinar à produção de grãos, através do projeto Mitsubish, como defende o governador, quanto pode ser utilizada para a pecuária. "Temos que estudar qual a melhor forma de se aproveitar aquela área. E tudo tem que ser feito através da discussão".
Segundo ele, se faz necessário primeiro conhecer a estrutura da fazenda, através de um levantamento rigoroso, para se definir de que forma ela poderá ser utilizada. "É preciso que tenhamos uma visão macro, sem vermos apenas o lado pequeno da coisa. Se pensarmos essa questão como um todo, poderemos realizar um bom trabalho na Fazenda Bamerindus", salienta.
TERRAS - Com relação à questão envolvendo o Incra e o Estado na disputa pela titulação das terras, Lurenes disse que ainda não tem uma posição sobre o assunto. Salientou que as terras estão no nome do Incra de Roraima, mas se trata de uma ação que tramita em nível de Governo Federal.
Segundo ele, a definição dessa questão deve se dar através do ministro Miguel Roseto. "Eu não posso opinar sobre o assunto. Esse é um papel que cabe ao governo Lula, junto com o governador Flamarion Portela".
Segundo ele, a superintendência local do Incra deverá ser consultada e vai participar do processo de discussão que não compete somente à superintendência local. No entanto, disse entender que o Estado tem que ter terra para se desenvolver.

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