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Diretor da BrancoCel garante não existir perigo de desastre ecológico em Roraima

Folha de Boa Vista-Boa Vista-RR
07 de Abr de 2003

Claudio Schimidt disse que não há motivos para preocupação

O desastre ecológico ocorrido no mês de março em Cataguases, Minas Gerais, quando o principal rio da cidade, foi poluído em conseqüência de vazamento de resíduos de uma fábrica de papel, está preocupando a população de Roraima, que deve ganhar em breve uma fábrica de celulose.

Pra esclarecer a situação e tirar as dúvidas da população, o responsável logístico do projeto Brancocel, Claudio Schimidt, esteve na redação da Folha de Boa Vista e afirmou que não existe nenhuma possibilidade de ocorrer um desastre ecológico em Roraima, na proporção do que houve em Minas Gerais.

"A celulose termomecânica branquiada, que será o sistema utilizado pela Brancocel, usa pouco produto químico e não utiliza o cloro, que é um dos piores produtos que existe na linha de contaminação de solo e água. O processo de produção de celulose da Brancocel usa produtos químicos em circuito fechado, diminuindo a possibilidade de qualquer acidente ou impacto ambiental", afirmou.

O diretor da fábrica de celulose assegurou que uma das principais preocupações da Brancocel foi o alto investimento em equipamentos para diminuir o consumo de químicos e eliminar o risco de acidentes ecológicos.

"O sistema de tratamento de efluentes é o mais caro dentro do investimento, diferente do sistema tradicional. Investimos alto e as chances são quase 0% de acontecer um acidente igual ao de Minas Gerais, porque não vamos utilizar os produtos que causaram a contaminação naquele estado, como a liguinina, que no nosso processo já está incorporada à celulose.Hoje as empresas se modernizaram e os produtos químicos vão para a caldeira de recuperação e serão usados como energia", assegurou.

Investimento - O projeto de implantação de uma fábrica de celulose em Roraima já teve aprovado o financiamento de cerca de 300 milhões de dólares, e a Brancocel está negociando os termos de contrato da fábrica. Cláudio explicou também que uma empresa está sendo contratada para preparar os termos de concorrência para a construção da fábrica.

A expectativa é que no final de 2004 as obras comecem e até 2006 a fábrica deverá estar funcionando plenamente com o corte das primeiras árvores e a fabricação de celulose.

Fábrica - Nos últimos cinco anos a empresa Ouro Verde, do empresário suíço Walter Vogel, tem investido no florestamento do lavrado (cerrado) com a espécie australiana acácia mangium.

O empreendimento é fruto da parceria de empresários locais com grupos suíços. A organização Investe Brasil participou da intermediação e formatação do projeto, sendo sua primeira ação para atrair capital estrangeiro para o Brasil.

A intenção é construir, se houver viabilidade econômica e ambiental, uma fábrica de celulose capaz de produzir 200 mil toneladas por ano, pelo sistema Bleech Chemical Thermomechanical Pulp (BCTMP), que polui menos, embora consuma mais energia. O motor que vai triturar a madeira é de 40 mil hp. A cada dois metros cúbicos de madeira que morde, produz uma tonelada de celulose. A decisão pelo sistema BCTMP também demonstra uma preocupação ambiental.

Acácia - A escolha se deu em função do rápido crescimento dessa espécie de árvore e sua adaptação ao solo do lavrado. No dia 13 de novembro foi realizada uma audiência pública para discutir o relatório de impacto ambiental. Foram reflorestados até o momento 30 mil hectares nos municípios do Cantá, Bonfim e em Boa Vista. A empresa Walter Vogel iniciou o reflorestamento com acácia mangium, uma espécie florestal originária da Austrália, que chega a ponto de corte com seis anos e produz mais biomassa do que o eucalipto. Há dois anos, Vogel e seu pai plantaram mil hectares onde havia apenas o fraco capim do lavrado. Essas árvores estão hoje com quatro metros de altura. No ano passado, acrescentaram mais 2,6 mil hectares. Este ano, outros 2 mil.

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