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Diocese não enviou participante aos debates

Brasil Norte-Boa Vista-RR
25 de Jan de 2004

Os prefeitos de Normandia, Nivaldo Oliveira, de Uiramutã, Florany Mota, e de Pacaraima, Hipérion Oliveira expuseram seus sentimentos (que já são conhecidos de todos) com a relação à questão fundiária de Roraima, para os integrantes do GTI. Eles abriram a pauta de reuniões do dia de ontem, que se encerrou com o encontro com representantes do Ibama, Incra, Funai, MPF e OAB/RR, no final da tarde.
Representantes da Diocese de foram convidados, mas não aceitaram participar do debate. O pastor Rosival Freitas, descendente da etnia macuxi, disse ser a favor da demarcação em ilhas, com o objetivo de se manter a estrutura criada em termos de produção agrícola na área, bem como visando o bem-estar dos "índios aculturados", que, segundo ele, já aprenderam a se beneficiar de tudo o que o modernismo tem dado a eles.
"Esse povo já não quer mais voltar a viver como outrora", disse. "Querem estudar na Universidade, querem ser professores, adquirir conhecimentos, e a igreja evangélica tem contribuído para isso. Pregamos a socialização para uma vida de paz e de harmonia".

Ação Conciliadora
Freitas enfatizou que a Igreja evangélica jamais motivou quaisquer conflitos entre as etnias. "Pelo contrário, foi sempre pacificadora, sempre pedindo que os irmãos indígenas trabalhassem de uma forma harmônica, buscando a conciliação".
"Hoje (com a ameaça da homologação em área contínua) nós estamos vendo o Estado caminhar para a morte. O crescimento de um Estado que não nasceu, praticamente, já está fadado a não existir", disse o pastor, pregando que se busque uma alternativa onde todos (índios, produtores de arroz, fazendeiros, municípios) possam ser beneficiados.
"Se não for dessa forma, o que restará para nós?", indagou, lembrando que hoje nem as próprias terras do Estado pertencem ao Estado, e sim à União. "Nós estamos assim como uma criança que mal está nascendo e já está morrendo", alertou o Pastor.

Rosival Freitas conclamou aos integrantes do GTI, que usassem também a emoção quando tiverem que decidir algo sobre Roraima, e "não apenas a razão da Antropologia". Esse apelo foi feito em nome do sentimento cristão.
"Em nome do Senhor Jesus, se há algum consolo em Cristo, em vossos corações; se existe realmente o amor de Deus em suas vidas, e eu creio que sim, peço que o que os senhores ouviram aqui seja analisado de forma mais acurada para o benefício de Roraima".

"To Nem Aí"
O representante do Poder Legislativo estadual, deputado Titônio Beserra (PT), perguntou do GTI como seria a desocupação de não-índios da reserva Raposa Serra do Sol, haja vista ter conversado com os moradores daquela região e descobriu que as dificuldades são imensas até mesmo no sentido afetivo.
Titonho disse ter ouvido uma professora indígena em prantos, questionando como ficaria a situação dela depois da retirada dos não-índios, uma vez que seu marido não é índio. O coordenador do GTI, Johaness Eck, simplesmente "tirou o corpo fora", e disse que a função do GTI era discutir problemas fundiários.
Segundo ele, a questão Raposa-Serra do Sol é de responsabilidade do Ministério da Justiça e da Funai, a quem compete decidir sobre o questionamento do deputado. Eck disse que o Governo Federal está buscando não implantar em Roraima o modelo concentrador de renda que foi implantado na região Centro-Oeste, ao que alguns presentes questionaram retoricamente: "Que renda?"

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