VOLTAR

Diminui numero de aves na Antartida: estuto de brasileiro atribui fenomeno a presenca do homem e a mudancas no clima

OESP, Geral, p.A10
23 de Dez de 2003

Diminui número de aves na Antártida Estudo de brasileiro atribui fenômeno à presença do homem e a mudanças no clima

RIO - Caiu a população de aves na Baía do Almirantado, onde ficam estações científicas de quatro países, inclusive a do Brasil, na Ilha do Rei George, Antártida.
Escassearam principalmente pingüins, petréis e gaivotinhas antárticas. A conclusão é do professor de zoologia animal da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), Martin Sander, que há 20 anos estuda as aves daquela região.
No início dos anos 80, estimava-se que na região havia 42 mil aves. Hoje, são entre 25 e 30 mil. Para Sander, a ação do homem é uma das principais causas dessa redução, aliada às mudanças climáticas. O professor defende a criação de "áreas-tampão", que limitem a circulação de pessoas na Baía do Almirantado.
A equipe de Sander fez um teste para mostrar como a ação do homem influencia na população das aves, usando um termômetro a laser, que mede a temperatura de qualquer superfície a curta distância. Um ovo sendo chocado no ninho estava a 39o C. Ao menor movimento humano, a ave alçou vôo, baixando a temperatura do ovo à metade. Dois minutos depois, ele estava a 4o C - temperatura ambiente. "Passos perto do ninho ou o sobrevôo de um helicóptero afastam a mãe e o ovo congela rapidamente", diz.
Se pingüins, petréis e gaivotinhas antárticas escassearam na Baía do Almirantado, por outro lado as aves predadoras se adaptaram à presença humana. Skuas e gaivotões, que se alimentam de ovos de outras aves, também encontram comida no lixo e passaram a usar madeira e tecido para fazer seus ninhos, em número cada vez maior. "No passado, as aves predadoras se limitavam a 25% da população da Baía do Almirantado. Hoje elas chegam a 50%", diz o professor.
"É preciso recomeçar a marcação de aves com anéis, para saber para onde estão indo", diz Sander, que já esteve 15 vezes na Antártida nesses 20 anos de pesquisa. As zonas de reprodução e muda foram localizadas pela equipe de Sander. Agora os pesquisadores vão desenhar o mapa dessas regiões e marcar as áreas que devem ficar livres de circulação. A pesquisa de Sander faz parte do Programa Antártico Brasileiro (ProAntar).

OESP, 23/12/2003, p. A10

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.