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Dilma ameaça até recorrer à Justiça

O Globo, O País, p. 15
27 de Mai de 2011

Dilma ameaça até recorrer à Justiça
Presidente critica anistia a desmatadores, cobra fidelidade e diz que pode buscar ajuda da oposição

Luiza Damé e Maria Lima

BRASÍLIA. A presidente Dilma Rousseff reafirmou ontem que o governo vai negociar mudanças no texto do Código Florestal durante a tramitação no Senado para suprimir a anistia aos desmatadores. Disse que não aceita a anistia e que, se esse ponto não for retirado, ela o vetará e pode recorrer à Justiça. A presidente cobrou fidelidade da base aliada na votação da proposta.
- O desmatamento não pode ser anistiado, não por vingança, mas porque as pessoas têm de perceber que o meio ambiente é algo muito valioso que temos de preservar. É possível preservar o meio ambiente e produzir os nossos alimentos - afirmou.
Ela admitiu que poderá vetar a emenda apresentada pelo líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN). E, em última instância, recorrer ao Judiciário, caso seu veto seja derrubado pelo Congresso.
- Primeiro, tentarei construir uma solução que não leve à situação de impasse. Agora, eu tenho compromisso com o Brasil. Eu não abrirei mão desse compromisso. Somos Poderes e temos de nos respeitar: Judiciário, Legislativo e Executivo. Se julgar que qualquer coisa prejudica o país, eu vetarei. A Câmara pode derrubar o veto, não é? Tem ainda as instâncias judiciais - disse. - O governo tem uma posição, espero que a base siga a posição do governo. Não tem dois governos, tem um governo.
Em reunião com os 15 senadores do PT, voltou a tratar do projeto que altera o Código Florestal. Para ela, mudar o texto é questão de honra. Nos próximos dias, pretende repetir o almoço com todas as bancadas dos partidos aliados, e já deu o tom da condução do governo: partir para a luta política, buscando o apoio da oposição.
Dilma avaliou que está ganhando o apoio da sociedade, que ficou contra a emenda que anistia desmatadores. E não poupou críticas à articulação política do governo. Se tivesse sido mais eficiente, disse, não teria sido difícil virar os 45 votos que faltaram. Ela alertou para os riscos de suscitar questionamentos internacionais, provocando embargo à importação de produtos agrícolas brasileiros:
- Temos que procurar a oposição para esse debate. O PSDB tem grande penetração na classe média, e vai ter que se posicionar nessa questão.

Na votação da emenda, PV e PSol foram contra

BRASÍLIA. Na votação em que a Câmara aprovou a emenda do PMDB que abre brecha para a anistia para quem desmatou mata nativa até 2008, PV e PSol foram contrários à proposta e votaram contra o PMDB. Os dois partidos, que não fazem parte da base do governo, assumiram posição contrária à dos ruralistas e à do PMDB. O governo também recomendou o voto contra, mas foi derrotado - o resultado foi 273 votos a favor da emenda da anistia e 182 contra. O GLOBO publicou ontem infográfico com a votação de todos os partidos, mas faltou dizer como votaram PV e Psol.

A bancada do Rio de Janeiro

Saiba como os deputados federais do Rio se declararam na votação da emenda do PMDB ao Código Florestal que, na prática, permite a anistia para quem desmatou mata nativa até 2008. O governo se declarou contra a emenda do PMDB. Abaixo, os votos dos deputados da bancada do Rio:

Adrian (PMDB): Sim
Alessandro Molon (PT): Não
Alexandre Santos (PMDB) Sim
Alfredo Sirkis (PV) Não
Andreia Zito (PSDB) Sim
Anthony Garotinho (PR) Sim
Arolde de Oliveira (DEM) Sim
Aureo (PRTB) Não
Benedita da Silva (PT) Não
Brizola Neto (PDT) Não
Chico Alencar (PSOL) Não
Chico D'Angelo (PT) Não
Cristiano (PTdoB) Não
Deley (PSC) Não
Dr. Adilson Soares (PR) Não
Dr. Aluizio (PV) Não
Dr. Carlos Alberto (PMN) Sim
Dr. Paulo César (PR) Não
Edson Ezequiel (PMDB) Sim
Edson Santos (PT) Não
Eduardo Cunha (PMDB) Sim
Eliane Rolim (PT) Não
Felipe Bornier (PHS) Sim
Fernando Jordão (PMDB) Sim
Filipe Pereira (PSC) Sim
Francisco Floriano (PR) Sim
Glauber Braga (PSB) Não
Jair Bolsonaro (PP) Sim
Jandira Feghali (PCdoB) Sim
Liliam Sá (PR) Não
Marcelo Matos (PDT) Não
Miro Teixeira (PDT) Não
Neilton Mulim (PR) Não
Nelson Bornier (PMDB) Sim
Otavio Leite (PSDB) Não
Rodrigo Maia (DEM) Sim
Romário (PSB) Não
Simão Sessim (PP) Não
Solange Almeida (PMDB) Sim
Stepan Nercessian (PPS) Sim
Vitor Paulo (PRB) Sim
Walney Rocha (PTB) Sim
Washington Reis (PMDB) Sim
Zoinho (PR) Sim

O Globo, 27/05/2011, O País, p. 15

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