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Diálogo cultural entre Lakota e Pitaguary

O Povo (CE) - http://opovo.uol.com.br/
19 de Jun de 2010

É visível a satisfação no rosto dos meninos, meninas e jovens índios Pitaguary, de Maracanaú, ao preparar as 28 pedras quentes que são dispostas em circulo numa pequena oca de lona para o ritual da "sauna indígena". Ali, eles vivenciam um longo momento de reencontro com a mãe terra, experimentando uma sensação de calor intenso, à medida que entoam cânticos religiosos da tradição católica junto a expressões Tupi e Lakota. A sauna indígena chegou à aldeia Pitaguary pelas mãos do líder espiritual Lakota Sioux, Adam Little Elk, ano passado. Neste mês de maio, ele visitou novamente os Pitaguary para intensificar a troca de conhecimentos. "Estamos fazendo uma partilha: eles aprendem como vivemos lá e eu vejo como eles vivem aqui", explicou Adam. Os Lakota vivem numa reserva próxima às montanhas Black Hills, no Estado de Dakota do Sul, nos Estados Unidos. Como ritual de preparação para os guerreiros, a sauna é conservada ao longo dos séculos por aquele povo indígena norteamericano. Aqui, entre os Pitaguary, a sauna reforça a acolhida da mãe terra e contribui para "superar medos e limites", descreve a índia adolescente Virna Duarte da aldeia de Santo Antônio. O jovem índio Fernando Neto destaca que "o povo Lakota está nos ajudando cada dia mais a resistir. A gente aprende como a sauna e eles também conhecem o toré, nossa dança sagrada e outros elementos da nossa cultura." O encontro entre Lakota e Pitaguary é mediado pelo Movimento de Saúde Mental Comunitária do Bom Jardim. A oportunidade se deu porque o presidente do Movimento, padre Rino Bonvini, conviveu na aldeia Lakota Sioux, durante sua formação teológica em 1994. Desde àquele período, Bonvini mantém um forte laço de amizade com os Lakota.

Isso resultou na vinda do líder Lakota ao Ceará. Ainda este mês, enquanto recebia uma homenagem na Câmara de Vereadores de Fortaleza, Rino também foi reconhecido pelo nome de Oyate Oyshakia Mani - aquele que ajuda o povo como caminhar. Isso, de acordo com a cultura Lakota, designa a Rino a missão de fortalecer seus irmãos índios. Esse intercâmbio também complementa a Terapia Comunitária Indígena, desenvolvida junto aos Pitaguary pelo Movimento de Saúde Mental Comunitária do Bom Jardim, contribuindo para a redução da violência e possibilitando às novas gerações se fortalecerem a partir da sua identidade cultural indígena. Conforme Rino, que também é psiquiatra e terapeuta, "a abordagem sistêmica comunitária aciona todas as dimensões da vida, desde o sentido biológico, psicológico, social até o espiritual. E essa vivência da sauna permite uma imersão profunda na espiritualidade indígena".

http://opovo.uol.com.br/app/o-povo/jornal-do-leitor/2010/06/19/impressa…

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