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Dia do índio: lideranças lamentam situação das aldeias

Campo Grande News-Campo Grande - MS
Autor: Malu Prado e David Majella
15 de Abr de 2005

Janilson Martins acredita que a Funasa não cumpre papel.

As comemorações do dia do índio, 19 de abril, começaram nesta manhã em Campo Grande com a abertura da Semana de Luta dos Povos Indígenas, que neste ano terá o tema "Etnias Valorizadas, Cultura Preservada".
Um café da manhã com mulheres indígenas na Praça Oshiro Takemori, na praça do Mercadão Municipal, marcou o início do evento e quer chamar a atenção da população sobre os problemas que acontecem nas aldeias de Mato Grosso do Sul.
Para a presidente da Associação dos Feirantes Indígenas, Júlia da Silva Marques, "é incompreensível a situação da desnutrição nas aldeias do sul do Estado". Ela é índia terena de Aquidauana e afirma que nos últimos anos a situação tem melhorado na aldeia dela porque as famílias têm conseguido plantar. O resultado, segundo ela, são os produtos vendidos na praça que têm boa aceitação da população. Por outro lado, Júlia acha que o alcoolismo tem aumentado entre os indígenas, "é triste a gente ver jovens ainda buscando este caminho", afirma.
Para Janilson Martins, índio terena de Miranda, o que falta é orientação. Ele afirma que a Funasa (Fundação Nacional de Saúde) não cumpre seu papel e os agentes não chegam às aldeias. Janilson se considera privilegiado por ter conseguido vir cedo para a cidade estudar e trabalhar, mas lamenta a perda da origem e cultura indígena.
Um problema levantado pela Funasa é que muitos pais de família acabam deixando a casa para ir trabalhar nas usinas de cana-de-açúcar por baixos salários. Marcelo da Silva sabe muito bem disso. A cada 70 dias que trabalha em uma usina de Nova Alvorada do Sul passa outros 15 dias em casa com a esposa. "A gente sente ter que ficar longe da família e nem sempre o ganho compensa", aponta.

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