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A despoluição dos córregos

OESP, Notas e Informações, p. A3
08 de Abr de 2009

A despoluição dos córregos

As obras da segunda fase do Programa Córrego Limpo, lançada pela Prefeitura de São Paulo em parceria com o governo do Estado, começam nos próximos dias. Deverão ser despoluídos 58 córregos da cidade de São Paulo até o fim de 2010. Na primeira etapa, iniciada em março de 2007 e concluída há dias, 28 córregos foram totalmente despoluídos e outros 14 foram recuperados. Pelo menos 800 mil moradores das vizinhanças desses cursos se beneficiaram com a instalação de rede coletora de esgoto, limpeza e canalização dos leitos. Deixaram de sofrer com enchentes e com os criadouros de transmissores de várias doenças. Os governos estadual e municipal investirão R$ 400 milhões nas duas fases do programa que, ao todo, favorecerá 4 milhões de paulistanos.

Com o trabalho desenvolvido pelas Secretarias Municipais de Coordenação das Subprefeituras, Verde e Meio Ambiente e Habitação, em conjunto com a Secretaria de Estado de Saneamento e Energia e a Sabesp, mais de 500 litros de esgoto por segundo deixaram de ser lançados aos córregos. Consequentemente, os Rios Tietê e Pinheiros deixaram de receber parte das cargas de esgoto que poluem seus leitos.

No Córrego Cruzeiro do Sul Mirim, por exemplo, o índice de poluição foi reduzido de 98% com o fim da descarga de 800 mil litros de esgoto diários no curso d?água. A favela que ficava nas margens do córrego foi substituída por um parque, com áreas de lazer e paisagismo e calçadas com piso permeável. Todas as ligações clandestinas de esgoto das vizinhanças foram fechadas e o entulho acumulado no leito e nas margens foi recolhido.

A Prefeitura calcula que somente a limpeza desse córrego beneficiou cerca de 30 mil pessoas. As 230 famílias que habitavam os barracos da favela do local foram removidas para que os trabalhos pudessem ser realizados. Delas, 96 quiseram continuar na região e, para abrigá-las, a Prefeitura concedeu bolsa-aluguel durante as obras. Hoje moram em apartamentos construídos pela Secretaria da Habitação. As demais receberam a chamada verba de apoio habitacional de R$ 5 mil.

A administração municipal se encarrega da limpeza dos córregos, contenção e manutenção de margens, verificação de interferências em bocas de lobo e galerias, além de atender as famílias que precisam ser removidas. A fiscalização das ligações de esgoto também é de responsabilidade da Prefeitura. Por sua vez, o governo do Estado cuida do prolongamento das redes de esgoto, da ampliação das ligações domiciliares e da manutenção e monitoramento das redes.

Para manter limpos os córregos já despoluídos e recuperados, o poder público conta com a colaboração dos moradores. Prefeitura e Estado incentivam as comunidades a criar novos hábitos, para evitar o despejo de lixo nas ruas e encostas. Informações sobre a correta utilização do sistema de coleta de esgoto e de galerias de águas pluviais também são repassadas aos moradores.

Esse trabalho de educação é essencial para que os investimentos feitos no Programa Córrego Limpo, no Projeto Tietê e nas ações de despoluição do Rio Pinheiros não sejam perdidos.

No período de 2002 a 2006, um total de 10 milhões de metros cúbicos de sedimentos, rochas e todo tipo de material, de pneus a móveis, foram retirados do Tietê, durante os trabalhos para aprofundar em 2,5 metros a calha do rio e ampliar sua largura de 22 metros para 46 metros. Foi investido US$ 1,1 bilhão para, assim, livrar a cidade de São Paulo e grande parte da região metropolitana dos transtornos provocados pelas enchentes.

Tanto esforço, no entanto, sofre grave ameaça a cada chuva, quando as águas dos córregos da cidade levam para o Tietê milhares de garrafas PET, sacos plásticos, pneus e outros materiais poluentes.

Portanto, além de conscientizar a população sobre os danos causados aos rios e córregos com o despejo inadequado de resíduos sólidos, é preciso que o poder público amplie a coleta de lixo nas favelas e acelere a regularização dos loteamentos clandestinos para que esses serviços também sejam prestados nas concentrações de submoradias.

OESP, 08/04/2009, Notas e Informações, p. A3

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