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Desnutrição em reserva indígena

Correio Braziliense
13 de Fev de 2007

Três anos depois de provocar a morte de 23 crianças índias na reserva de Dourados, município a 220km de Campo Grande, a desnutrição volta a preocupar as autoridades da área de saúde. Dois meninos já morreram por causa do problema nos primeiros 43 dias do ano. O caso mais recente é de um indiozinho caiuá de 2 anos que tinha desnutrição moderada e vinha recebendo atendimento da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) em casa. No último fim de semana, o garoto teve complicações e foi levado para o Hospital Universitário da cidade, onde morreu.

O atestado de óbito registra que o paciente, chamado pelos médicos de "Nandinho", teve insuficiência renal aguda, desnutrição, acidose metabólica, desidratação e enterocolite.

Segundo o médico Zelik Trajber, que há cinco anos coordena pela Funasa os trabalhos de assistência à saúde dos índios da região sul do estado, Nandinho vinha sendo acompanhado pela equipe médica em casa e por isso vai analisar todo o prontuário do paciente para verificar o que pode ter ocorrido para a criança vir a óbito.

No dia 24 de janeiro, um bebê de 9 meses morreu depois de ser internado no Hospital da Mulher. A criança teve infecção generalizada, agravada pelo quadro de desnutrição que apresentava. No Hospital da Missão Evangélica Caiuá, conhecido como Centrinho, há 36 crianças internadas por problemas nutricionais, sendo oito das aldeias de Dourados.

No ano passado, o número de mortes de crianças indígenas em Mato Grosso do Sul caiu a menos da metade do que foi registrado em 2004, quando 23 indiozinhos morreram, levando o governo federal e iniciar uma grande mobilização para evitar novas mortes. Segundo Trajber, em 2006 foram registrados o óbito de 11 crianças das aldeias da região sul do estado, mas nenhuma por desnutrição.

De acordo com ele, controlado o problema da desnutrição, a Funasa passou a registrar como a principal causa das mortes o nascimento prematuro de bebês. Mas o registro de novos casos de desnutrição novamente mobilizou o governo. A entrega das cestas básicas de alimentos, que foi reforçada em 2004, estava atrasada e foi retomada na semana passada.

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