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Desnutrição é localizada

CB, Brasil, p. 15
13 de Mar de 2008

"Desnutrição é localizada"

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga a desnutrição de crianças indígenas ouviu ontem o presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), o antropólogo Márcio Augusto de Freitas Meira. Ele afirmou que a desnutrição é um problema "localizado" e que atinge uma parcela pequena da população indígena. "Mais de 60% dos índios brasileiros vivem na Amazônia Legal (área que ocupa nove estados) e lá dificilmente encontramos pessoas desnutridas. Pelo contrário, o que vemos é um grande contingente de crianças. Entre os índios, a taxa de natalidade é seis vezes maior do que a verificada na população não-indígena", disse.

Para Meira, a desnutrição atinge principalmente os guaranis, que vivem nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. O antropólogo explicou à CPI que, quando as terras dessa etnia foram demarcadas, a população guarani estava bastante reduzida. "Agora, a população cresceu muito. Eles já são 40 mil", disse. Com a falta de terras para morar e plantar, os guaranis sofrem mais os efeitos da fome. "A saúde não é apenas uma questão em si, é conseqüência não só da situação física, mas de uma série de fatores, como moradia e condições de vida em geral."

O presidente da Funai esclareceu ainda que, embora o órgão, ligado ao Ministério da Justiça, acompanhe as ações desenvolvidas, a saúde indígena é, desde 1999, responsabilidade da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), ligada ao Ministério da Saúde. Na terça-feira, representantes da Funasa foram ouvidos pela CPI e apresentaram os programas que vêm sendo desenvolvidos nessa área.

Diagnóstico
A nutricionista Aline Caldas, representante da Funasa, disse que um grande problema foi a falta, durante muitos anos, de pesquisas para subsidiar políticas de alimentação para os índios. Ela afirmou que os poucos estudos existentes eram insuficientes para fazer um diagnóstico preciso. Com apoio do Banco Mundial, a Funasa e o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome realizaram um inquérito nutricional com 4.853 crianças e o mesmo número de mulheres indígenas. A partir daí, foi possível desenvolver ações pontuais, como doação de cestas básicas e aplicação de doses de vitamina A. De acordo com o diretor do departamento de Saúde Indígena (Desai) da Funasa, Wanderley Guenka, o índice de mortalidade infantil indígena caiu de 140 por mil em 2000 para 24 por mil em 2006. (PO)

CB, 13/03/2008, Brasil, p. 15

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