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Desmatamento tem redução de 30%

CB, Brasil, p. 15
27 de Out de 2006

Desmatamento tem redução de 30%

Hércules Barros
Da equipe do Correio

Organizações de proteção ao meio ambiente comemoraram ontem a redução no desmatamento da Amazônia Legal. A área devastada, entre agosto de 2005 e agosto de 2006, corresponde a 13.100 km², 30% menor que o registrado no período anterior. O anúncio foi feito ontem pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, no Palácio do Planalto. A estimativa é do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e tem como base o cálculo do Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal (Prodes). Foi feita a partir de imagens de satélite de áreas onde foram registrados 67% dos desmatamentos no período anterior. Segundo o governo, essa é a segunda menor taxa verificada desde que o Inpe iniciou o levantamento anual, em 1988

Na cerimônia, o presidente Lula defendeu a soberania do território da Amazônia Legal ao dizer que os países desenvolvidos têm pouco a nos dar conselho sobre cuidar do meio ambiente depois de terem desmatado o próprio território. "Os países que quiserem conhecer e explorar a Amazônia terão que pedir licença para o Brasil", disse.

De acordo com a ministra Marina Silva, as ações que levaram à redução do desmatamento evitaram a derrubada de um bilhão de árvores e preservaram a vida de 40 milhões de aves e de um milhão de primatas. "É a nova mentalidade de combater a ilegalidade e também estabelecer ali um novo padrão de desenvolvimento sustentável", afirmou.

Apesar da boa notícia, as entidades estranharam a pressa do governo na divulgação do levantamento. Em Manaus, o coordenador da Campanha da Amazônia do Greenpeace, Paulo Adário, diz ter ficado surpreso quando soube da divulgação. "Semana passada, o Inpe anunciou que disponibilizaria hoje (ontem) as imagens para análise das entidades ambientais que monitoram o desmatamento", ressaltou. O material serviria de base para a agenda do encontro do grupo técnico que acompanha e analisa o desmatamento da Amazônia.

Apesar do susto, Adário considera um grande avanço a "transparência" dos dados levantados. "Há três anos, os índices de desmatamento anunciados pelo Inpe eram uma caixa-preta", lembrou. "Não posso fazer uma análise mais profunda do que aconteceu e onde caiu desmatamento, mas não tiro o mérito do governo Lula na queda dos índices", disse.

O coordenador de políticas públicas do WWF-Brasil, Mauro Armelim, não considera oportunismo do governo divulgar a notícia antes das eleições. Para a ONG, as reduções atuais são resultantes de iniciativas pontuais e conjunturais como a valorização do real frente ao dólar, que diminui a exportação; a queda nos preços da soja e da carne no mercado internacional nos últimos dois anos, e a criação do Plano de Combate ao Desmatamento.

CB, 27/10/2006, Brasil, p. 15

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