VOLTAR

Desmatamento prolifera nos entornos da rodovia Cuiabá-Santarém

Globo Amazônia - www.globoamazonia.com
26 de Out de 2008

No mapa interativo do Globo Amazônia, que mostra a destruição da floresta em tempo real, os ícones não deixam dúvida: o desmatamento no sudoeste do Pará segue o rastro da estrada BR-163, que liga Cuiabá (MA), a Santarém (PA).

O Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), que monitora a Amazônia via satélite por meio do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), confirma a destruição. Entre agosto de 2007 e junho de 2008, a ONG detectou 40 focos de desmatamento apenas na Floresta Nacional do Jamanxim, que fica nas margens da estrada. O total de mata derrubada nesse local soma 32 km².

A unidade de conservação foi criada em fevereiro de 2006 como forma de proteção às florestas das margens da Cuiabá-Santarém. Junto com várias outras áreas protegidas que ladeavam a estrada, ficou sem fiscais nem gestores durante mais de dois anos. Segundo o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMbio), órgão responsável por cuidar dos parques e reservas federais, a floresta do Jamanxim conta hoje com dois servidores.

Queimadas também atingem a área. No início de setembro, jornalistas do programa Profissão Repórter percorreram 1.800 quilômetros de estradas e visitaram a região. Durante vários dias, eles flagraram focos de incêndio sem nenhum controle.

Não bastasse os problemas com a devastação, a unidade de conservação ainda tem problemas fundiários. Quando a área foi declarada como Floresta Nacional, várias famílias já viviam na região. Em 14 de outubro, elas fizeram um protesto na Câmara dos Deputados pedindo regras claras sobre qual será o seu destino. Os planos do governo são de indenizar os grandes proprietários e reassentar os pequenos, mas até agora nada foi feito.

Para Carlos Souza Júnior, pesquisador do Imazon, a soma de problemas fundiários a grandes áreas desmatadas em unidades de conservação recentes faz com que comece a surgir uma pressão para diminuir a área de parques e reservas. "Isso acontece na terra indígena do Baú [também no Pará], que é uma área onde sempre se coloca em xeque os seus limites", exemplifica.

Souza Júnior ressalta, contudo, que mesmo com a falta de infra-estrutura, as áreas protegidas recém-criadas contribuem para evitar a devastação, pois invasores de terras públicas perdem o interesse no local, já que será impossível conseguir legalizar a ocupação daquela área. "[A instalação de unidades de conservação] inibe qualquer avanço na regularização fundiária. Isso faz com que o processo de grilagem recue."

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.