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Desmatamento no país entra para o Guinness

CB, Brasil, p. 11
11 de Out de 2004

Desmatamento no país entra para o Guinness

O livro dos recordes, Guinness Book, edição de 2005, será publicado em novembro com um dado nada digno de orgulho para o Brasil: o país apresenta o maior índice de esmatamento do planeta. Florestas que ocupavam uma área do tamanho do estado de Sergipe desaparecem anualmente do território desde 1900, segundo registra a publicação. A média anual de perda de florestas foi de 22.264 km² no período.
Pesquisadores brasileiros confirmam a informação. A Amazônia perdeu 17% de cobertura florestal, principalmente nos últimos 50 anos. Juntos, os biomas Mata Atlântica, Amazônia, cerrado e a formação florestal Araucária perderam 3,6 milhões de km². O pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Carlos Nobre, admite que o Brasil tem a maior área desmatada em função do tamanho do país. Nobre reconhece que os dados do Guinness não são dignos de comemoração, mas lembra que o desenvolvimento de países como os Estados Unidos e de muitos da Europa se deu às custas da devastação ambiental de suas áreas.
O coordenador do programa Monitoramento do Desmatamento em Formações Florestais na Amazônia Legal (Prodes) do Inpe, Dalton Valeriano, que acompanha o desmatamento na Amazônia, conta que o destino mais comum das terras desflorestadas na região amazônica é a pecuária. Em segundo lugar, vem a agricultura.
Nobre e Valeriano ressaltam que, apesar de os dados refletirem um ritmo preocupante no processo de desmatamento, o Brasil pode figurar em outra lista de recordes. É praticamente o único país que monitora áreas desmatadas anualmente por imagem de satélite. O monitoramento começou a ser feito no Inpe em 1977, na escala de 1:500.000. Em 88, ampliamos a escala para 1:250.000, conta o coordenador. O ritmo de desmatamento na Amazônia se acelerou em escala sempre crescente nos últimos cinco anos. As estatísticas são computadas de outubro a outubro, por isso, os dados se referem ao monitoramento de dois anos correntes. Em 2002/2003, por exemplo, a taxa de desflorestamento na região foi de 23.750 km2.
A organização não-governamental Fundação S.O.S. Mata Atlântica divulga como dado oficial, de levantamento feito com base em imagens de satélite e comparação com registros históricos, que a perda do bioma é da ordem de 93%. Os 7% restantes estão protegidos por lei. Estimase que a Mata Atlântica chegava a ocupar o litoral cearense na época do Descobrimento.

CB, 11/10/2004, Brasil, p. 11

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