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Desmatamento acaba com 90% da mata atlântica e 83% da caatinga em Alagoas

Gazetaweb - http://gazetaweb.globo.com/
Autor: Rafael Maynart
07 de Mai de 2016

Estatísticas do IBGE mostram que estado foi um dos que mais desmataram nos últimos anos

Um dado alarmante divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) põe Alagoas em uma situação de destaque negativo em todo o País. Segundo o levantamento feito pelo órgão, em 2015 o estado perdeu cerca de 90% de reserva nativa de mata atlântica e 82,6% da caatinga. O Ministério do Meio Ambiente informa que a abrangência de cada bioma no estado compreende 14.802 hectares de mata atlântica (52% do total) e 12.995 hectares para a caatinga (48%).

Atualmente, restam poucos fragmentos de vegetação nativa, típicos de cada bioma. Em 2010, informações que constam no livro 'Cobertura Vegetal do Estado de Alagoas', produzido pelo Instituto do Meio Ambiente (IMA), em conjunto com a Petrobras, davam conta de que a distribuição da vegetação natural remanescente em Alagoas representava apenas 4.248,96 km², ou seja, 15,28% da área total do estado.

Considerada um dos mais importantes ecossistemas do mundo, a mata atlântica protege e regula o fluxo dos mananciais hídricos, que abastecem as principais metrópoles do País e centenas de cidades; controla o clima local, garante a fertilidade do solo e a extraordinária beleza das paisagens.

Já a caatinga é considerada muito importante do ponto de vista biológico por apresentar fauna e flora únicas, formada por uma vasta biodiversidade, rica em recursos genéticos e de vegetação constituída por espécies, lenhosas, herbáceas, cactáceas e bromeliáceas.

Dentre os biomas brasileiros, a caatinga é a menos conhecida cientificamente e vem sendo tratada com baixa prioridade, não obstante ser um dos mais ameaçados, devido ao uso inadequado e insustentável dos seus solos e recursos naturais, e por ter cerca de 1% de remanescentes protegidos por unidades de conservação.

Desmatamento

Explorada desde a época da colonização pela extração do pau-brasil e, depois pelo cultivo de monoculturas como o café e a cana-de-açúcar, a mata atlântica sofre a pressão do crescente aumento das cidades e da poluição, que põem em risco as tentativas de preservá-la.

No site oficial SOS Mata Atlântica, a coordenadora Márica Hirota alerta que uma questão chave para a redução da destruição da floresta é a elaboração de planos diretores de zoneamento municipal, o que não ocorre na maior parte dos municípios brasileiros. Isso porque a região de mata atlântica no País alcança 112 milhões de pessoas, ou seja, 65% da população total, em 3.222 cidades.

"Temos que deixar de olhar para a floresta apenas como uma protetora da biodiversidade e passar a vê-la como um bem que atinge diretamente as pessoas, seja por meio dos recursos naturais, seja por meio dos serviços ambientais que presta", avisa a coordenadora.

O IMA, responsável por fiscalizar o meio ambiente em Alagoas, tem realizado constantes ações, em conjunto com o Batalhão de Polícia Ambiental (BPA), Ibama e Ministério Público, em locais onde há uma grande incidência de desmatamento ou apurando denúncias anônimas de crimes ambientais.

Essa ação foi denominada de Fiscalização Preventiva Integrada (FPI), que monitora os municípios ribeirinhos ao Rio São Francisco. Em um dos trabalhos feitos em novembro do ano passado, no município de Traipu, a equipe flagrou crime ambiental em uma fazenda. Cerca de 30 hectares de vegetação nativa da caatinga foram desmatados por um dos funcionários com um trator. As árvores e os galhos ainda estavam amontoados no local.

Segundo a assessoria do MPE, o proprietário não estava no imóvel no dia da fiscalização, porém, o Ibama fez contato por telefone e informou que o fazendeiro seria notificado.

As punições são diversas, a depender de diversas características da área degradada, como, por exemplo a extensão, espécies que foram retiradas, da finalidade, dentre outras, a exemplo de situações agravantes, como o desmatamento em áreas protegidas (UCs ou APPs).

Preservação

Diversas ações são realizadas em todo o País para a preservação dos biomas existentes no Brasil. Em Alagoas, o IMA desenvolve atividades como estudos técnicos, catalogação e inventário a respeito da flora e fauna; criação de áreas protegidas (Unidades de Conservação); plantio de mudas nativas em campanhas, atividades de educação ambiental, cumprimento de Termos de Ajuste de Conduta e termos de compromisso em situações de danos ambientais, coleta e análise de amostras de água para balneabilidade das praias.

O órgão também promove ações educativas com estudantes do ensino fundamental, com atividades em áreas de preservação, cujo objetivo é conscientizar os jovens sobre a importância dos biomas para o planeta.

Em Foz do Iguaçu, no Paraná, o zoológico Parque das Aves desenvolve um projeto de preservação de uma espécie em extinção no estado: o mutum-de-alagoas. A ave é uma espécie característica da mata atlântica nordestina e os três últimos exemplares selvagens foram resgatados antes da mata ser derrubada. A devastação do meio ambiente, juntamente com a caça, permitiram que esta espécie chegasse a este ponto.

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