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Desempregado põe fogo no corpo em protesto no PA

OESP, Vida, p. A18
19 de Abr de 2007

Desempregado põe fogo no corpo em protesto no PA
Sem regulação, serrarias fecham e demitem mais de 30 mil pessoas

Carlos Mendes

Um trabalhador desempregado de uma empresa madeireira de Novo Progresso, no oeste do Pará, tentou se matar, embebendo o corpo em gasolina, durante manifestação simultânea realizada em 13 municípios contra o fechamento de serrarias e demissão de mais de 30 mil pessoas do setor em todo o Estado. O homem, conhecido só como Índio, foi salvo por colegas quando se preparava para atear fogo em suas vestes. Ele foi levado com queimaduras leves a um hospital da cidade.

"O que ele fez é reflexo do desespero de milhares de trabalhadores paraenses que vivem da atividade madeireira e estão sendo demitidos diariamente", afirmou o empresário Paulo Barros. Ele responsabilizou os governos federal e estadual pela não liberação de pelo menos 500 planos de manejo de madeira que abarrotam a Secretaria de Meio Ambiente do Pará (Sectam), órgão que há menos de um ano assumiu papel antes desempenhado pelo Ibama.

Barros disse que as empresas têm madeira em seus estoques para serrar no máximo até julho e não há perspectiva de liberação de corte enquanto a Sectam não autorizar os projetos engavetados. "É o caos, nunca vi situação tão ruim como agora", emendou José Elias Garoti, proprietário de uma pequena madeireira perto de Belém.

O sindicato da categoria decidiu organizar os protestos de forma simultânea para chamar a atenção do governo para um problema que se arrasta há quase dois anos. No total, cerca de 10 mil pessoas saíram às ruas, levando faixas, cartazes e muita gritaria em carros de som. Em várias cidades do Pará o comércio fechou as portas em apoio à manifestação.

Nas cidades de Anapu, Pacajá, Uruará, Santarém, Paragominas, Jacundá, Tomé-Açu, Tucuruí. Goianésia, Breu Branco, Tailândia, Moju e Novo Progresso, a Polícia Militar teve de ir às ruas para evitar tumulto e quebra-quebra. "Aqui não tem vagabundo, nem ladrão, é tudo gente que contribui para o progresso do Brasil. Exigimos respeito. Queremos matéria-prima para trabalhar", dizia uma faixa na cidade de Tailândia.

O vereador Antônio Matos, de Tomé-Açu, disse que 50% da economia do seu município depende do setor florestal, e que qualquer instabilidade na atividade traz reflexos desastrosos. "Continuamos preocupados com questões ambientais, mas acreditamos na boa convivência da atividade com o ambiente", disse Matos.

Desde o começo do ano, segundo o sindicato dos madeireiros, nenhum projeto de manejo teve a renovação anual aprovada pela Sectam para funcionar. Por conta disso, metade das serrarias de Tailândia fechou as portas nos últimos dois meses. "Tem gente morrendo de fome, sem emprego nem comida para sustentar seus filhos", afirmou o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Tailândia, Francisco das Chagas.

A Sectam admite a demora para analisar e liberar os planos de manejo. A secretaria prometeu montar na próxima semana uma força-tarefa para acelerar a análise dos projetos parados - mais de 300 estão nessa situação, de acordo com o órgão. Também devem ser contratados técnicos em regime de urgência para fazer o trabalho.

OESP, 19/04/2007, Vida, p. A18

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