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Descaso com os povos indígenas

Adital
21 de Dez de 2006

Depois de não serem atendidos, no último dia 19, por nenhum representante do Ministério da Justiça, os indígenas dos povos Tupinikim e Guarani, do Estado do Espírito Santo, encerram o ano de 2006 sem nenhuma solução com relação a área onde 300 pessoas estão instaladas no Portocel, ponto de embarque de celulose que é controlado pela empresa Aracruz.Em nota, o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) explica o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, se comprometeu em assinar a Portaria Declaratória da terra, assim que recebesse o parecer favorável da Fundação Nacional do Índio (Funai). E mesmo com o parecer já aprovado pela consultoria jurídica do Ministério, o ministro não cumpriu o acordo e a situação segue indefinida.

Segundo o Cimi, a reunião com o Ministro da Justiça fazia parte do acordo firmado entre a Funai e os povos Tupinikim e Guarani para que estes desocupassem o Portocel, ocupado entre os dias 12 e 13 deste mês. Salienta que o porto é controlado pela empresa Aracruz Celulose, que atualmente invade 11 mil hectares do território tradicional daqueles povos no Espírito Santo.

O movimento realizado no último dia 19, quando 18 lideranças indígenas esperaram por cerca de quatro horas e não foram sequer recebidas pelos representantes do Ministério, contou com o apoio de diversas entidades, parlamentares e personalidades, que assinaram uma carta em solidariedade à causa dos povos.

A carta, direcionada para Márcio Thomaz Bastos, questiona o "silêncio sistemático a esta questão tão dramática, vivida há tanto tempo pelos povos indígenas Tupiniquim e Guarani no Estado do Espírito Santo. Inevitável relacionarmos tal atitude com a frase recente do Presidente da República Luis Inácio Lula da Silva, elencando os indígenas, juntamente com quilombolas, ambientalistas e o Ministério Publico, entre os 'entraves ao desenvolvimento' do país".

Acrescenta ainda que se a indefinição sobre o assunto prevalecer, ficará evidente que se trata de uma decisão explícita do governo Lula de ser favorável aos interesses da empresa multinacional de celuloses e totalmente contrária aos povos indígenas do Brasil. Em parágrafo anterior, os assinantes citam a violência cometida por mais de 2.000 trabalhadores, da empresa e de outras terceirizadas, no último dia 13, contra os indígenas na área ocupada, sob os olhares da Polícia Militar e do Governo do Estado.

"Está em suas mãos, Sr. Ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos, o futuro dos povos indígenas Tupiniquim e Guarani no Estado do Espírito Santo. Esperamos sinceramente que o Sr. Ministro dê finalmente a resposta que tanto esperam as comunidades indígenas, retirando a Aracruz Celulose e demarcando finalmente seu território tradicional, pelo qual lutam tenazmente e demonstram claramente a disposição de entregar a vida", cita a carta.

Assinaram a carta, o Movimento dos Pequenos Agricultores/ES, Sindicato dos Trabalhadores Federais em Saúde Trabalho e Previdência no Estado do Espírito Santo, Partido Socialista e Liberdade, Wonibaldo Wutzen - Pastor da Igreja de Confissão Luterana no Brasil e Coordenador da Comissão Pastoral da Terra ES/RJ, Marta Falqueto - Coordenadora Estadual do Movimento Nacional dos D. Humanos/ES,. José Carlos Nunes - Presidente da CUT/ES, Domingos Firmiano dos Santos - Comissão Quilombola do Sapê do Norte, Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, pastor Odair Cruz - Pastoral indigenista da Igreja Metodista, Cláudio Vereza - Presidente do PT /ES, Comissão Pastoral da Terra, entre outros.

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