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Desamparados, donos de fazendas tentam conter índios na Justiça

Correio do Estado-Campo Grande-MS
Autor: Edivaldo Bitencourt
05 de Jul de 2003

Desamparados pelo poder público, os produtores rurais de Dois Irmãos do Buriti e Sidrolândia não sabem o que fazer para impedir o avanço dos índios terenas sobre suas propriedades. Em reunião ontem de manhã na Federação de Agricultura de Mato Grosso do Sul (Famasul), eles decidiram ingressar com ação judicial contra a Fundação Nacional do Índio (Funai) e foram aconselhados a recorrer a empresas de segurança privada.
O encontro para discutir os conflitos indígenas teve a participação de 50 pessoas, entre as quais estavam produtores, familiares, o ex-senador Lúdio Coelho (PSDB) e o prefeito de Sidrolândia, Enelvo Felini (PDT). Durante toda a reunião, eles discutiram formas para barrar o avanço dos índios sobre a Fazenda Furna da Estrela, com quatro mil hectares. Os índios invadiram 200 hectares em abril de 2000 e avançaram sobre mais 400 no último sábado.
A principal preocupação é a proximidade dos indígenas da sede da propriedade, onde reside o produtor rural Geraldo Correia da Silva, 85 anos, e os funcionários. "Dá desespero ver o meu avô de 85 anos perder uma terra que ele trabalhou para conquistar e não recebeu de herança", afirma sua neta, Lisnei Correia de Freitas, 33 anos, organizadora da reunião de ontem.

Segurança
Na região, cinco fazendas estão invadidas pelos índios, que reivindicam a demarcação por considerarem a área como terra de seus antepassados. Os fazendeiros conseguiram liminar na Justiça Federal, mas a decisão foi cassada no Tribunal Regional Federal. A Polícia Federal informou que o seu papel é proteger os índios e só promove o despejo com o apoio da Polícia Militar.
Sem apoio do Ministério Público Federal, os fazendeiros estão procurando por conta própria uma solução para o conflito. Na semana passada, o filho de seu Geraldo da Silva foi pessoalmente conversar com os índios. Ele pediu uma trégua e que os invasores retornem à área invadida em 2000. Os indígenas devem dar uma resposta nas próximas horas.
Lúdio Coelho afirmou que a questão é um assunto muito delicado. "Será uma luta permanente", previu, para desconsolo dos proprietários rurais. Felini está preocupado com a transformação da fazenda, considerada modelo na produção de gado nelore, em área indígena. Terá um impacto negativo muito grande na economia da região, acredita ele.

Armas
Lisnei Freitas disse que não existem jagunços armados na propriedade, mas que os próprios funcionários e familiares estão redobrando os cuidados temendo a invasão da sede da fazenda. O presidente da Famasul, Léo Brito, aconselhou a contratação de segurança privada especializada, como é feita pelos bancos, órgãos governamentais e outras instituições. Brito ressaltou que é contra a contratação de seguranças amadores.

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