FSP, Editoriais, p. A2
10 de Mai de 2014
Desafio do lixo
Com metas estabelecidas para os próximos 20 anos, o recém-lançado Plano Municipal de Resíduos Sólidos de São Paulo pretende reduzir drasticamente o volume de lixo despejado em aterros sanitários. Se hoje 98,2% dos resíduos têm essa destinação, espera-se que em 2034 a parcela se reduza a 20%.
Não será fácil. Para atingir esse objetivo, a cidade terá de ampliar o processamento doméstico do lixo e aumentar a coleta seletiva com vistas à reciclagem.
No primeiro caso, o plano prevê que 30% dos paulistanos transformem restos de alimentos em adubo por meio da compostagem --haverá distribuição gratuita de 2.000 composteiras. O lixo orgânico domiciliar corresponde hoje a 51% das 20 mil toneladas de resíduos coletadas a cada dia na cidade.
Quanto à reciclagem, a proposta é ampliá-la de 1,8% para 10% nos próximos dois anos. Em 2034, seriam 70%. A coleta pública, que ora alcança poucos domicílios, terá de ser estendida a todo o município.
Além disso, pelas normas federais, parte significativa da responsabilidade pela reciclagem cabe às empresas. Elas precisarão investir na expansão de programas de logística reversa, pois serão obrigadas a recolher e recuperar os resíduos oriundos de seus produtos.
O plano oferece a oportunidade de a indústria compartilhar com o poder público as estruturas que serão construídas com essa finalidade. Prevê-se a inauguração de quatro centrais mecanizadas de reciclagem nos próximos dois anos, e os recursos gerados com a venda do material reciclado serão destinados a um fundo.
São louváveis os esforços. Resíduos constituem um dos mais graves problemas ambientais das sociedades contemporâneas. Na administração pública brasileira, entretanto, projetos e metas ambiciosos não raro ficam no papel.
As dificuldades estão longe de triviais. É decisiva, nesse sentido, a participação dos governos, das empresas e de todos os cidadãos.
A ideia de que o planeta merece maior atenção é vista com cada vez mais simpatia pela sociedade, independentemente de ideologias. O compromisso ambiental ganhou espaço inclusive nas estratégias empresariais. As condições culturais são, portanto, favoráveis. O desafio é transformar as boas intenções em realidade.
FSP, 10/05/2014, Editoriais, p. A2
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/165157-desafio-do-lixo.shtml
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