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Deputado abre discussão na Câmara sobre interligação Acre-Pacifico

Página 20- Rio Branco-AC
23 de Jun de 2001

Durante audiência pública na Comissão de Economia da Câmara, o Deputado Sérgio Barros (PSDB-AC) defendeu maior parceria do Governo brasileiro com os governos do Peru e da Bolívia visando concluir uma saída para o Oceano Pacífico entre a cidade de Assis Brasil, no Acre, ao porto de Illo, na costa ocidental peruana.
Como autor da iniciativa, Barros considerou fundamental a participação do Legislativo nas discussões das grandes questões nacionais. Segundo ele, a busca de acesso ao Pacífico pelo oeste é o caminho mais fácil para a implementação do desenvolvimento do Brasil e dos países andinos, de integração continental e de pavimentação do caminho para a inserção dos países da América do Sul no mundo globalizado, de forma competitiva, econômica, racional e independente.
Compareceram à audiência, como palestrantes, Luiz Francisco Silva Marcos, Diretor do Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER), representando o Ministro dos Transportes, Eliseu Padilha; o presidente do Geipot, Carlos Alberto de Nóbrega; Luiz Figueiredo, secretário de Indústria e Comércio do Acre, representando do Governador do Estado, o vice-Governador de Rondônia, Miguel de Souza; além do embaixador do Peru, Eduardo Ponce Vivanco e de parlamentares das bancadas do Centro-Oeste e da região Norte.
Lembrando que esse projeto está em sintonia com os ideais do grande libertador das Américas, Simon Bolivar, o deputado acreano explicou que os governos da América do Sul tem pela frente a tarefa gigantesca de transformar em realidade o sonho de Bolivar de ver as Américas unidas em uma só nação. Unida, coesa, progressista, solidária e justa.
Barros afirmou que as regiões Norte e Centro-Oeste caminham para ser a nova fronteira agrícola e alavancas do desenvolvimento nacional. Só que para impulsionar sua economia e colocar toda a produção das duas regiões no mercado do Sul e Sudeste e no exterior temos que melhorar a infra-estrutura regional, particularmente o setor de transportes, visando aumentar a competitividade da economia regional e fortalecer a integração nacional e continental, explicou.
Falta pouco para a integração continental
No caso específico da Amazônia Ocidental, a abertura de uma via de acesso ao Pacífico contribuiria não apenas para a integração desta região aos países andinos, mas também para o desenvolvimento dos estados da Amazônia Legal. Dessa forma, seria possível dar prioridade ao desenvolvimento fronteiriço da região Pucallpa – Cruzeiro do Sul em sintonia com o projeto do Governo do Acre de promover a integração social e econômica a partir da pavimentação da rodovia BR-364, entre Sena Madureira e Cruzeiro do Sul. O mesmo projeto vem sendo implementado pelo governo peruano, visando promover a integração da região de Loreto e Ucayali com os municípios brasileiros.
Em sua apresentação, o embaixador peruano admitiu que o Governo de seu país estuda a possibilidade de recorrer a financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para executar as obras de pavimentação da rodovia entre a cidade a Iñapari, na fronteira com o Acre (Assis Brasil) e Urcos, no centro do Peru, numa extensão de 700 km.
Enquanto isso, o presidente do Geipot, órgão responsável pelo planejamento de transporte no País, informou que os governos brasileiro e peruano estão fazendo gestões juntos a organismos internacionais de fomento para tentar viabilizar o financiamento para pavimentação do trecho em território peruano.
No caso do Brasil, a ligação rodoviária do Sul, Sudeste e Centro-Oeste já se faz pela BR-364. E a BR-317, que liga, pelo seu traçado, Manaus a Rio Branco e dali a Brasíléia. Deste município a Assis Brasil, na fronteira com o Peru, são mais 110 quilômetros da BR-317, que já conta com 25 km concluídos e o trecho restante está sendo pavimentado numa parceria dos governos Federal, do Acre e do 7o Batalhão de Engenharia e Construções.
Segundo o diretor do DNER, o Governo brasileiro está próximo de cumprir sua parte nesse esforço de integração continental, levando a pavimentação da BR-317 até Assis Brasil. Cerca de 50 km deverão ser inaugurados ainda este ano e até o próximo ano deverá ser concluído o trecho final até a fronteira com o Peru.
Para viabilizar esse propósito, temos que ampliar os entendimentos com nossos vizinhos na busca de soluções para a concretização desse sonho que não é apenas de Bolivar, mas de todos os povos latino-americanos, concluiu Sérgio Barros.
A busca do mercado dos Tigres Asiáticos
Segundo Sérgio Barros, para colocar nossos produtos no exterior, recorremos aos portos de Santos, em São Paulo, Itaqui, no Maranhão, ou Suape, em Pernambuco, e de lá as mercadorias seguem de navios numa extensão de 24 mil km na rota Santos - Canal do Panamá, na América Central e de lá para o oeste dos Estados Unidos e para a Ásia. Pela rota Santos – Estreito de Magalhães, na Patagônia, são outros 23 mil km, além de uma terceira rota, Santos – Durban (na África do Sul) – Singapura, numa extensão de 22 mil km. Todas irracionais, anti-econômicas e bastante onerosas.
Diante dessas limitações, Sérgio Barros defende como solução mais racional a busca de uma saída para Pacífico, através da Bolívia ou Peru. Como as alternativas hidroviárias e ferroviárias são inviáveis a curto e médio prazo, resta ao Brasil e os demais parceiros andinos a opção do transporte rodoviário, algo bastante acessível no caso brasileiro, acrescentou.
Ele reconheceu que o Brasil precisa urgentemente integrar sua vasta fronteira aos demais países da América do Sul, não apenas do ponto de vista geopolítico. Essa integração é também uma necessidade econômica e social, a partir de acordos comerciais e estratégicos como o Mercosul, um eventual Mercado Comum do Norte (Merconorte) e até mesmo a Área de Livre Comércio das Américas, cuja implantação deve ocorrer a partir de 2005.
Barros entende que o projeto econômico do Brasil vai além do mercado continental. Há o desafio do comércio exterior, que passa pelos mercados japonês e dos tigres asiáticos. Nesse caso, a saída para o Pacífico é o caminho mais curto e econômico. Afinal, só através do acesso rodoviário poderíamos reduzir a rota marítima para 6.000 km entre o porto de Santos, no Atlântico, ao porto de Illo, no Pacífico. Com isso, teríamos condições de colocar nossos produtos no mercado asiático e nos Estados Unidos a preços bem mais competitivos e em menor espaço de tempo, lembrou.

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