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Depois de Roraima, tensao em Recife

CB, Brasil, p.15
13 de Jan de 2004

CONFLITO INDÍGENADepois de Roraima, tensão em Recife

Renata GiraldiDa Equipe do Correio
Julio Jacobina/Diário de Pernambuco

Tropa de Choque prendeu três índios na capital pernambucana
 
  Pintados para guerra, nas cores vermelho e preto, 50 líderes indígenas das etnias macuxi, apixawa e tarepã viajarão de Roraima a Brasília, na próxima semana, para tentar uma audiência com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Apesar de a situação no estado estar mais calma, após os protestos da semana passada, os índios não desistiram de tentar fazer com o que o governo recue na decisão de homologar de forma contínua a reserva Raposa Serra do Sol, de 1,7 milhão de quilômetros quadrados, no noroeste do estado. Mas antes de examinar a possibilidade de Lula receber os índios de Roraima, o governo terá de administrar mais um conflito, desta vez em Recife (PE).   A situação na capital pernambucana se agravou ontem à tarde quando 30 índios pankararus invadiram a sede da Funai, no bairro de Boa Vista, em protesto pela demissão de um dirigente do órgão. Três índios foram detidos. Os pankararus fizeram um funcionário de refém e ameaçam manter o protesto por tempo indeterminado devido à demissão de Gilberto Manoel Freire, chefe do posto da Funai na região de Petrolândia, no sertão pernambucano. Para conter a manifestação, foram acionados policiais do Batalhão de Choque. Índios no Palácio Enquanto isso, os índios de Roraima, que durante três dias ficou isolado num inusitado protesto com fazendeiros, estão determinados a pedir a Lula que desista da demarcação da reserva. Não adianta mais conversar com o ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça) nem com o presidente da Funai (Fundação Nacional do Índio), Mércio Gomes, porque eles sabem da nossa posição e não querem mudar a decisão, disse ao Correio o coordenador da Aliança de Integração e Desenvolvimento das Comunidades Indígenas de Roraima, Anízio Filho Macuxi. Toda a nossa esperança está no Lula, só ele pode mudar essa decisão.   No protesto da semana passada, estradas foram bloqueadas. Três religiosos foram feitos reféns pelosíndios. A gravidade da situação fez o governador de Roraima, Flamarion Portela (sem partido), desembarcar em Brasília para tentar convencer o governo a desistir da demarcação. Mas não houve sucesso.   A crise agora está localizada nas aldeias, explicou o deputado Luciano Castro (PL-RR). Algo precisa ser feito para evitar que a situação se agrave ainda mais, pois a tensão pode ter diminuído na área urbana, porém nas vilas indígenas, o impasse permanece.   Aos poucos a rotina em Boa Vista, que ficou ameaçada de desabastecimento, volta ao normal. A Polícia Federal avalia o prejuízo causado ao prédio da Funai, invadido por índios. O administrador em exercício da Funai em Boa Vista, Manoel Tavares, contou que todas as portas e vidros do prédio foram destruídos, sem considerar que o que ocorreu com os documentos que estavam no local. Ainda não é possível fazer uma avaliação sobre os danos porque precisamos avaliar o estado dos documentos, comentou. TRÊS REFÉNS NA FRONTEIRA   O fazendeiro José Maria Varago, a mulher dele Aparecida Conceição Varago e a nora do casal, Márcia Ana Varago, foram tomados como reféns pelos índios caiovás-guarani, ontem de manhã, quando passavam por uma estrada rural, no município de Iguatemi, na fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguai. Varago é dono da fazenda São José, invadida pelos índios, e tentava se aproximar da propriedade com os familiares para ver a situação do gado e das lavouras. Armados com bordunas, arcos, flechas e facões, os índios renderam os três.
CB, 13/01/2004, p. 15

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